quinta-feira, 7 de julho de 2016

Quinto Céu, Antes do Dilúvio

No princípio dos tempos, quando o mundo era jovem, antes das guerras angélicas, antes mesmo da primeira rebelião, o Quinto Céu era o ponto de união dos arcanjos, os grandes líderes escolhidos por Deus para governar a terra e o universo. Aqui na terra fica o Vale de Yahweh, uma imensa cidade projetada pelo serafins, com seus castelos de ouro e platina, templos de pérola e marfim, catedrais de puro mármore e torres de até cinco mil metros de altura. Nas plataformas sobre os edifícios e mais acima, entre as nuvens, deslizavam esquadrões de lutadores alados, guerreiros prontos para a batalha, treinados para defender o paraíso contra qualquer ameaça ou invasão.
No centro dessa cidade-fortaleza se elevava o Palácio Celestial, uma estrutura pentagonal em forma de estrela, com uma enorme cúpula no meio. O domo de cristal abrigava a bancada dos arautos, agora vazia, e o trono dos gigantes, que de tão reluzente chegava a ofuscar. O altar de Miguel se consagrava no topo, seguido pelas cadeiras de Lúcifer e Rafael, no segundo nível. Gabriel e Uziel, na tribuna mais baixa.
No pórtico havia vigias nos minaretes, cada qual numa das cinco pontas da estrela. Dois generais querubins, eram chamados de Ablon e Apollyon, defendiam a estrada. O primeiro (Ablon) era o soldado preferido do Arcanjo Miguel, a quem ele havia presenteado com o comando da Legião das Espadas. O segundo (Apollyon) era o braço forte de Lúcifer, um brutamontes sem consciência ou escrúpulos, mas admirável quando estourava o combate, um verdadeiro mirmidão de crueldade e dureza.
O portão ao se abrir revelava um corredor em formato ogival, seguindo vários metros até a rotunda. Onde encontrava-se Miguel apoiado no trono, trajando sua armadura de metal prateado, com o capacete de queixada pontuda e a espada recolhida a bainha. Os cabelos negros sempre estavam presos num rabo de cavalo, demonstrando feições masculinas e cicatrizes que subiam do pescoço a cabeça. Perto dele, Lúcifer, a Estrela da Manhã, ocupava sua própria cadeira, vestindo apenas um toga alinhada. Os olhos eram de um azul muito profundo. As melenas louras estavam atadas em trança, e a presença refletia um charme fabuloso, irresistível. Tinha o corpo delgado, o rosto fino e a pele macia, mas a postura era magnífica, encobrindo a autoridade do onipotente Miguel.

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