O que existe além do túnel da morte é um mistério que ultrapassa a erudição das mais elevadas entidades celestes. O processo pelo qual os seres humanos ascendem é outra questão obscura, que nunca foi totalmente explicada. Existem teorias, formuladas pelos malakins, e a principal delas afirma que as almas estão presas a terra pelas necessidades do corpo físico, este funcionando como uma espécie de âncora, ligado a fonte por uma corrente psíquica. Quando o corpo morre, a conexão é desfeita, permitindo que o espírito "levite" as dimensões superiores.
O Terceiro Céu é um região carente de passagens tradicionais, praticamente inacessível aos anjos comuns. Seus vórtices se abririam então aos seres humanos na ocasião da morte, assumindo o curioso aspecto de túnel. Nem todas as consciências, porém, seriam capazes de ascender. Algumas, carregadas de ódio, intolerância e rancor, acabariam "flutuando" abaixo do Elísio, encalhando nas bordas da Gehenna, onde seriam julgadas por seus atos em vida. Outras, mais "pesadas", simplesmente afundariam, decaindo ao inferno, para renascer como espíritos do mal. Uma vez no Sheol, os novatos tem a alma destruída, cortando definitivamente qualquer ligação com o divino, transformando-se assim em entidades satânicas. Por fim, há ainda as mentes infelizes, entorpecidas pela tristeza, que continuam apegadas ao plano dos homens, vagando pelo mundo astral como fantasmas errantes.
Através do túnel da morte, esperamos encontrar de tudo, de torres cintilantes a cidades de ouro, de legiões espirituais a jardins coloridos, mas nada além de luz e trevas, ordem e caos, calor e frio, todos os opostos coexistindo em completa harmonia.
Todos os mundos, céus e infernos vivem eternamente dentro de nós. Nada persiste por mais de um instante. Seja uma descarga cósmica ou um domingo de sol, todas as coisas estão em movimento.
A eternidade não é algo que dura para sempre. Ela existe aqui e agora, quando nossa percepção temporal é desligada. Esses momentos são perpétuos e sobrevivem a vulgaridade do tempo. Vida e morte, bem e mal, passado e presente, são apenas miragens transitórias.
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