quinta-feira, 28 de julho de 2016

O Primeiro dos Sete

Levitando, com as pernas cruzadas, estava Sólon, o Primeiro dos Sete, o malakim que detinha o comando dos anjos da morte. Vestia uma túnica alva e comprida; o corpo era magro e os traços finos. Calvo, sem sobrancelhas ou cílios, exibia uma testa grande, ornada por uma pedra pequena, chata e alaranjada, feito uma escama presa ao sobrolho. Tinha pele amarelada, como a dos povos orientais, os olhos chispavam, e das asas nasciam penas reluzentes. Um cinto de prata apertava-lhe o quadril.
Sólon era uma figura imponente, apesar da aparência franzina. A razão da prepotência apoiava-se no fato de que aquela era a sua dimensão particular, onde ele fazia as regras e se tornava praticamente invencível. Era o primeiro de um coro de sete malakins que se reportavam diretamente ao arcanjo Miguel, sendo, portanto, respeitados e temidos pelos outros celestes. Não bastasse, guardavam a fama de ser indestrutíveis, amorais e inescrupulosos.

Rios Oceanus e Styx

Caso o viajante não seja capaz de encontrar um portal ou acessar um vórtice, poderá ainda recorrer a um dos dois rios que cortam as dimensões, o Styx e o Oceanus.
Não há registros, tampouco hipóteses sobre a origem desses canais, tão usados por anjos e deuses na antiguidade remota. Os rios atravessam plagas sublimes e obscuras, podendo levar o navegante a praticamente a qualquer lugar do cosmo, contanto que ele conheça suas trilhas.
O Rio Styx dão acesso as dimensões inferiores e é povoado por enigmáticos barqueiros, entidades que fazem o transporte de passageiros através das esferas cósmicas, mediante o pagamento de energia vital. Já o Rio Oceanus desemboca nas dimensões superiores e pode ser percorrido sem o auxílio de marinheiros, mas guarda em si um traço peculiar: suas águas suprimem as radiações místicas, deixando vulneráveis mesmo os espíritos mais poderosos, enquanto seguirem o seu curso.

Portais, Vórtices, Vértices

Há três principais classes de "túneis" que conectam as dimensões, os portais, os vórtices e os vértices.

PORTAIS

Os portais são o tipo de conexão mais visado e também o mais raro. Eles ligam o mundo físico a determinada dimensão inferior ou superior, permitindo a passagem direta da entidade ao mundo material, sem o gasto de energia ou a necessidade de materialização, a criatura ingressa no reino dos homens em sua forma espiritual, técnica muito usada por feiticeiros para conjurar demônios ou bestas extraplanares. De igual maneira, um mortal pode, ainda vivo e carregando seu corpo material, cruzar um portal e chegar ao inferno, ao céu, a Asgard, ao Hades ou a qualquer outra esfera do gênero. Por suas propriedades tão delicadas, os portais geralmente são de ações temporárias, estando limitados pelo alinhamento dos astros, conjunções estelares, atividades climáticas ou material de sacrifício.

VÓRTICES

Os vórtices diferem dos portais por abrir-se a partir não do mundo físico, mas do plano astral. Muitos deles são permanentes e, por conseguinte, guardados por experimentados vigias, criaturas que detém o poder de lacrar as entradas, impedindo o ingresso de qualquer viajantes. Para os alados, os vórtices funcionam como ponto de ascensão aos Sete Céus, "escadas" através dos quais eles regressam ao paraíso. Os vórtices são comumente abertos em localizações geográficas do plano astral, mas alguns deles são móveis, enquanto outros, menos comuns, são de atividade efêmera, instalados pelos serafins para transportar um coro específico de anjos (por exemplo: na necessidade de uma missão).

VÉRTICES

Por fim, os vértices não são propriamente conexões místicas. São sítios, gerados natural ou artificialmente, onde ocorre uma interseção entre os planos físicos e etéreo. Lá, o tecido da realidade não existe, permitindo o encontro entre seres terrenos e entidades espirituais. Muitos vértices foram criados no passado para que os sacerdotes primitivos interagissem  com seus deuses etéreos. A mitológica ilha de Avalon, o célebre monte Olimpo e o templos internos das pirâmides egípcias são exemplos de vértices.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Céu, Inferno e as Dimensões Paralelas

Diferentemente dos planos de existência, as dimensões paralelas são zonas afastadas do cosmo, territórios isolados que permeiam nosso universo como pétalas ao redor de um núcleo. Elas se formaram a partir de ondas de energia geradas pelo fulgiston e lembram bolsões, bolhas flutuantes na sombra do espaço. Imagine uma toalha esticada sobre a mesa. Agora, empurre-a. Os vincos sobrepostos ao tecido seriam vagamente semelhantes aos efeitos dessa dispersão.
Cada dimensão tem um conjunto próprio de leis, mas as suas bordas são finitas, de extensão limitada, muito embora possam ser descomunais, tão grandes como planetas, sistemas ou mesmo galáxias.
As duas principais dimensões que servem aos interesses da terra são o céu e o inferno, por abrigar seres que interagem com os seres humanos (anjos e demônios). Afora essas, a terra nódica de Asgard e a fabulosa Arcádia (superiores), bem como as obscenas masmorras do Hades e a vastidão desolada do Limbo (inferiores), são exemplos de dimensões alheias a nossa esfera universal.

Dimensão dos Espelhos

Outra região enigmática é a dimensão dos espelhos, que apesar do nome não é uma dimensão, e sim outro plano de existência, igual aos demais citados.
A dimensão dos espelhos, até onde se sabe, é tão somente um território de passagem, através do qual se abrem atalhos. Com a ciência dos poderes corretos, um viajante pode mergulhar em um reflexo e despontar em outro, em qualquer parte do mundo.
O plano é utilizado ainda como prisão, um cárcere destinado a reter certas deidades por demais perigosas.

O Mundo dos Sonhos

O mundo dos sonhos está separado do plano astral pela zona onírica e parece ter surgido a partir das flutuações psíquicas dos seres humanos. Como todos os seus equivalentes, essa camada é um espelho do plano físico, condições geradas por estímulos do inconsciente. A contraparte onírica da casa de um escritor, por exemplo, pode ser povoada por seus personagens, enquanto a de um hospital psiquiátrico deveria incluir personificações dos mais cruéis pesadelos. Essas personificações aparecem como criaturas, paisagens, objetos ou como apenas sentimentos.
O mundo dos sonhos costuma ser visitado pelos mortais durante o sono, mas os anjos conseguem acessá-lo caso consigam atravessar a zona onírica, façanha que geralmente começa com a perseguição de um espírito humano.
As criaturas oníricas podem interagir com os viajantes ou mesmo atacá-los, embora raramente um celestial seja morto ou ferido nessas regiões ilusórias. No caso de um combate, o mais comum é o anjo ser lançado para fora, de volta ao plano astral, ao passo que os humanos costumam acordar nesse estágio.
A natureza instável do mundo dos sonhos faz dele o refúgio perfeito para entidades e espíritos que não desejam ser localizados. Teoriza-se que essa paragem é uma camada intermediária entre o astral e o etéreo, com esse último manifestando reinos e deuses veneráveis, que em essência são derivados de sonhos e adorações coletivas.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

O Plano das Sombras

Acessado a partir do astral, o plano das sombras é uma camada intermediária, onde vagam os espectros, antigos fantasmas que se tornaram maléficos ao potencializar suas angústias e dores. Frequentemente, os espectros atravessam a fronteira e emergem no plano astral, para a partir de lá sugar tanto a energia de outros espíritos quanto de seres humanos, rastreáveis através da membrana.
O plano das sombras é uma cópia sombria do mundo físico, onde a paisagem terrena se manifestas em ruínas, árvores murchas e nuvens negras, carregadas.

O Plano Etéreo

O plano etéreo, a camada mais profunda do mundo espiritual, é separado do plano astral por uma película denominada barreira etérea, uma cortina semelhante ao tecido da realidade, porém ainda mais grossa, que só podem ser ultrapassada em áreas onde há "rasgos" de acesso, as populares fendas. Através dessas fendas, o viajante poderá chegar a um reino que se parece com o mundo real, mas sem os reflexos da atividade humana.
O plano etéreo é povoado por espíritos nativos, muitos dos quais foram deuses de civilizações antepassadas, criaturas poderosíssimas que ainda vivem nos tronos de suas fortalezas quiméricas. Dos deuses egípcios aos heróis gregos, passando pelas fadas germânicas e os dragões japoneses, todos são entidades naturais do plano etéreo.
Os seres etéreos, contudo, não precisam necessariamente pertencer a culturas ancestrais. Qualquer figura deificada, mesmo objetos ou sentimentos, pode acabar se manifestando através da barreira. Uma imagem pública que passa a ser adorada, a veneração diária por aparelhos de televisão ou as preces feitas a um artista após sua morte podem todas gerar duplicatas etéreas.
Para os anjos, o plano etéreo é um lugar perigoso, uma zona de reunião dos velhos deuses, contra os quais os arcanjos estiveram em guerra em um passado remoto. (As Guerras Etéreas)

O Plano Astral

O plano astral é a camada mais rasa do mundo espiritual. Trata-se de um reflexo do mundo dos vivos, em tonalidades incolores, difusas e nebulosas. É igualmente o lar dos fantasmas, criaturas ainda presas a terra por suas pendências vitais, atormentadas por angustias que as impedem de seguir adiante.
Os objetos e seres do plano físico podem ser observadas a partir do plano astral, mas figuram como manchas translúcidas, intocáveis, iguais aos fantasmas avistados na terra. Os artefatos de natureza exclusivamente astral são chamadas de quimeras.
Em regiões onde o tecido é flexível, não raro os fantasmas podem ser avistados, produzindo aparições assustadoras. O que se vê, todavia, não é a entidade, mas sua imagem projetada no véu. Da mesma forma, é possível causar agitações no tecido, como gotas tremulantes num lago, tendo como resultado sussurros ou tremores no plano material, fenômeno mais conhecido como o poltergeist*.
As leis físicas do plano astral são distintas daquelas do mundo físico. A gravidade não existe, permitindo que o viajante flutue em todas as direções, transpondo portas, pisos e muros. Uma técnica relativamente famosa, apelidada de Cortina de Aço, impede a invasão através do astral e dificulta a materialização, "travando" o tecido. O efeito pode ser produzido por meio de feitiços ou divindades.

Poltergeist, é um tipo de evento paranormal que se manifesta
em um ambiente no qual existem ocorrências físicas,
tais quais, chuva de pedras, movimentação,
aparecimento e desaparecimento de objetos,
sons, pirogenia, luzes, entre outras.

sábado, 23 de julho de 2016

A Realidade e Além

Além do nosso mundo, as fronteiras da realidade se estendem através de reinos fabulosos, planos de existência e dimensões paralelas. Os limites que dividem a terra dos vivos do domínio dos mortos é o chamado tecido da realidade, uma cortina invisível constituída de fluídos de ectoplasma e formada a partir da consciência coletiva da humanidade, segundo os malakins teorizam. Incapazes de compreender e lidar com fenômenos místicos e inexplicáveis, os mortais teriam erguido, inconscientemente, uma barreira de defesa psíquica, sustentada pela energia suprema que deriva da alma.
Em termos práticos, o tecido age como uma película, dificultando, a invocação de qualquer efeito sobrenatural, sejam as divindades celestes, seja a mágica humana. O tecido tão somente existe na esfera material, manifestando-se de forma mais ou menos densa de acordo com a região. Áreas urbanas ou públicas tem a película espessa, enquanto localidades selvagens ou santuários apresentam espessuras mais finas.
Todos os anjos são dotados da capacidade de cruzar o tecido, ou, mais precisamente, de se materializar ou desmaterializar, alcançando primeiramente o plano astral, a camada mais rasa do mundo espiritual. De lá, podem ascender as suas dimensões de origem (como o céu) através de túneis denominados vórtices, ou se embrenhar mais profundamente nos reinos espirituais, viajando ao plano etéreo, ao plano das sombras ou ao mundo dos sonhos (haverá um artigo mais adiante sobre esses planos).
Enquanto os planos de existência (astral e etéreo principalmente) são reflexos distorcidos do mundo físico e são alcançados transpondo-se essas "cortinas", as dimensões paralelas são regiões afastadas, acessíveis através dos vórtices mencionados anteriormente.

Ensaios Para o Apocalipse

Para a maioria dos celestiais, o Apocalipse, evento previsto tanto pelos gigantes quanto pelos malakins, marca o despertar de Yahweh, e cada facção luta para preservar sua causa. De um lado, os partidários e Miguel defendem a autoridade do príncipe, o arcanjo empossado legitimamente por Deus; de outro, os rebeldes batalham em prol das almas humanas, a maior de todas as obras do Criador. Enquanto esse dia não chega, a guerra prossegue, sem perspectivas de trégua.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

O Haniah e Os Anjos Exilados

A guerra encontrou seu período crítico por volta do ano 1000, quando os rebeldes sitiaram o Castelo da Luz, uma fortaleza estratégica sobre os oceanos de Acheron. Como resposta, Miguel enviou emissários ao plano físico com a tarefa de convocar todos os seus anjos que viviam na terra para lutar a peleja no céu. Com o contingente inimigo aumentando, Gabriel fez o mesmo, e por toda a Idade Média a Haled foi sendo gradualmente esvaziada.
Em 1650 (data oficial do Haniah), as duas facções definiram um armistício, estabelecendo que o confronto civil deveria ficar restrito as sete camadas. Os vórtices de acesso a terra foram fechados, restando alguns poucos, guardados por poderosos vigias. Os anjos que se recusaram a voltar receberam salvo-conduto, servindo então como observadores de seus arcanjos na esfera terrena, eles foram apelidados de "exilados".

9. A Guerra Civil (do ano 0 até hoje)

Milhares de anos se passaram, e, com o desenvolvimento das nações humanas, o tecido da realidade se adensou. Perto do ano 0 da nossa era, a película havia se estendido a tal ponto que os anjos não eram mais capazes a interferir diretamente no mundo dos homens.
Enviado a terra em missão, o Arcanjo Gabriel foi objeto de um evento improvável, apaixonou-se por uma mulher terrena, tendo com ela um filho. O rebento despertou no gigante um tipo de compaixão que até então ele desconhecia. Gabriel finalmente compreendeu o amor que seu Pai sentia por ele, bem como pela humanidade, que os arcanjos haviam jurado defender. Rejeitou seu passado cruel, agora determinado a proteger os humanos.
A reviravolta incitou a fúria de Miguel, que insistiu em matar o menino, mas Gabriel não lhe entregou a criança. A disputa terminou com as legiões se dividindo, secionando-se entre os novos rebeldes e os exércitos legalistas. O Quarto Céu se converteu em um extenso campo de guerra, onde desde então os dois partidos lutam dia e noite, há mais de dois mil anos.

*Fim da CRONOLOGIA CELESTE.

8. A Rebelião de Lúcifer (de 3.500 a.C.)

Fortalecido após o expurgo, Lúcifer valeu-se do fato ter "desvendado" a conspiração para acumular poder e prestígio entre as fileiras celestes. Prometendo o retorno a uma era de glórias e o fim da tirania, a Estrela da Manhã desafiou abertamente o impiedoso Miguel, articulando sua própria rebelião. Um terço das hostes celestes se juntou a ele, mas as ambições do Filho do Alvorecer não eram de longe altruístas. Lúcifer acreditava ser o mais sábio entre os gigantes, desejava tomar o principado e se consagrar em Tsafon, tornando-se assim maior que Deus. Muitos bons anjos aderiram a sua revolução, indignados com os massacres pregressos.
Poucos séculos após a queda dos renegados, uma nova batalha estourou no paraíso. No fim de sangrentos combates, Lúcifer e seus generais foram derrotados, expulsos do céu e condenados não a terra, mas as tórridas chamas das profundezas do inferno.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

7. Sodoma, Gomorra e Irmandade dos Renegados (de 3.800 a.C.)

Nos anos que se seguiram ao dilúvio, Miguel, atormentado pelos insucessos frequentes, inverteu suas táticas de extermínio. Os ishins foram postos de lado, e os querubins assumiram o comando das operações sanguinárias. Os novos ataques eram localizados e cirúrgicos, mais lentos, porém sem chances de erro, com esquadrões de anjos assaltando povoados e vilas humanas.
A ordem para aniquilar as cidades de Sodoma e Gomorra, bem como todas as demais na planície de Zohar, resultou na formação de um time de resistência, um círculo de dezoito querubins descontentes com as ordens vigentes. Esse conjunto de bravos era liderado por um consagrado guerreiro, Ablon, o Primeiro General, o mirmidão preferido do tirânico Miguel, comandante da Legião das Espadas.
Apesar de legítima, a conspiração era ainda tímida e necessitava de apoio político. Com a ingenuidade comum aos soldados idealistas, Ablon voou a Gehenna e recorreu ao auxílio de Lúcifer, a Estrela da Manhã, principal opositor de Miguel, que prometeu amparo a conspiração.
Estimulado por causas egoístas, porém, Lúcifer traiu os dezoito, delatando aos irmãos os agentes subversivos. Os heróis da Irmandade dos Renegados, como logo ficou conhecida, foram expurgados, aprisionados em seus avatares e lançados a terra. Ali permanecem, a espera do Dia do Juízo Final.

6. O Dilúvio e os Sentinelas (de 11.500 a.C.)

O desejo de Miguel de devastar a humanidade nunca fora realmente saciado. Auxiliados pelos sentinelas, um coro de anjos escolhidos por Deus para salvaguardar os mortais, os terrenos sobreviveram aos seguidos massacres. Então, quando as Guerras Etéreas findaram, os primicérios arquitetaram a destruição final, uma hecatombe que exterminaria quanto os homens quanto os sentinelas e seus filhos.
O novo cataclismo viria sob a forma de um dilúvio, uma inundação universal que engoliria o planeta com o derretimento das calotas polares. Os ishins do fogo foram mobilizados, sob as ordens de Amael, o Senhor dos Vulcões.
Enoque foi devastada por um meteoro abrasado, enquanto um maremoto varreu a inesquecível Atlântida. Os atlantes foram extintos, sobrando apenas os descendentes de Nod, espalhados pelos mais remotos cantos do globo.

5. As Guerras Etéreas (de 23 mil a 12 mil a.C.)

Ao passo que a raça humana se multiplicava, crescia igualmente a influência de seus deuses locais, espíritos de homens e mulheres que, por suas façanhas nacionalistas, passaram a ser adorados como verdadeiras divindades. Retidas no Plano Etéreo, justamente por essa ligação, tais entidades se tornaram poderosas, o que ameaçava o domínio dos anjos não só sobre a terra, como também sobre a espécie mortal.
Os espíritos etéreos, como foram chamados, minavam pouco a pouco a autoridade dos celestiais, e então os arcanjos resolveram enfrentá-los. Iniciaram-se as Guerras Etéreas, com a legiões aladas descendo do céu para aniquilar seus rivais.
O maior de todos os triunfos das Guerras Etéreas aconteceu na região da Palestina, onde um experimentado general querubim invadiu o castelo do deus Rahab e o derrotou em combate direto. Nas demais localidades, porém, as tropas angélicas foram rechaçadas, vergonhosamente derrotadas pela superioridade inimiga. Regiões como o Extremo Oriente, por exemplo, nunca chegaram a ser dominadas, nem mesmo o leste da Ásia. Desde o sul da África ao oeste da Europa, passando pela América e pela Índia, os anjos colecionaram sucessivos fracassos.
Com a propaganda de guerra, Miguel ordenou que o castelo de Rahab fosse demolido e em seu lugar ergueu a Fortaleza de Sion, uma torre formidável, o grande bastião dos soldados de Deus no plano etéreo. Para ostentar sua autoridade, o príncipe subtraiu a Roda do Tempo do Sexto Céu, provocando a ira de seus guardiões, os malakins. Tal contenda só seria resolvida séculos depois, quando Miguel cederia a casta um grupo de anjos para servir de observadores das guerras humanas. Os integrantes desse esquadrão foram apelidados de anjos da morte.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

4. As Guerras Mediterrâneas (de 38 mil a 11.500 a.C.)

Com a completa extinção das tribos neandertais, Enoque e Atlântida despontaram como os grande impérios antediluvianos, reinos magnânimos cujos interesses estavam fadados a colidir, cedo ou tarde. A disputa por portos, ilhas e, principalmente, por áreas de influência levou a uma série de campanhas militares, conhecida como Guerras Mediterrâneas. Embora menos versados no estudo da mágica, os enoquianos eram mais numerosos, o que contribuiu para a igualdade de forças durante a maior parte do curso da guerra.
Mas as divergências não eram apenas políticas, eram também ideológicas. Enquanto os atlânticos adoravam os seres alados, os habitantes de Nod os detestavam, pelas catástrofes que promoviam.
As Guerras Mediterrâneas geraram grandes heróis, batalhas épicas e confrontos históricos, cantados em versos por poetas e trovadores. As lutas foram intermitentes entre o segundo e o terceiro cataclismos, para encerrar-se definitivamente com a supressão das duas civilizações.

3. As Grandes Catástrofes e a Diáspora Humana (de 180 mil a.C.)

A decisão de Deus de conceder aos seres humanos a alma, e consequentemente o livre-arbítrio, gerou nos arcanjos irritação e ciúme, afinal pretendiam ser eles os agraciados com a livre vontade. Com o adormecimento do Pai, muitos celestes, especialmente o maior deles, o Príncipe Miguel, se recusaram a servir os terrenos, amá-los e louvá-los, conforme era o desejo de Yahweh. Perseguindo uma trilha ainda mais radical, os primogênitos decidiram-se pelo completo extermínio da humanidade, buscando tornar-se eles, os alados, a única espécie soberana no céu e na terra. Começaria assim o período das grandes catástrofes.
Alegando falar em nome de Deus, Miguel convenceu suas legiões a tomar parte nas mortandades. A época das destruições mundiais iniciou-se com a Era do Gelo, a qual os homens resistiram, fugindo para regiões de clima mais quente. Deu-se com isso a primeira diáspora humana, com as linhagens se dividindo entre homens (Homo Sapiens), atlantes (Homo Atlantis) e neandertais (Homo Neanderthalensis). Os primeiros foram os antecessores do homem moderno e fundaram o reino de Enoque. Os segundo eram mais nobres e altivos, hábeis na manipulação da magia e dotados de poderes psíquicos. Já os terceiros, fortes e brutos, porém menos inteligentes, acabaram sucumbindo a seleção natural.

2. O Jardim do Éden e o Sétimo Dia (de 400 milhões até 200 mil a.C.)

Ao correr de bilhões de anos, Yahweh cultivou seu labor, dividindo seu projeto em dias, sendo que cada um desses períodos sagrados correspondia a milhares de anos terrenos. Construiu uma miríade de galáxias, luas e estrelas, até alcançar seu mundo perfeito, um planeta que chamou de Éden, ou, como os arcanjos o nomearam, a Terra.
Por incontáveis séculos, o Éden ou Jardim do Éden foi o lar dos animais, o canteiro dos anjos, até que, no fim do sexto dia, surgiram os seres humanos, a maior de todas as artes divinas. Encantado com a energia, a força e a capacidade da nova raça, Deus lhe concedeu a alma, concluindo assim seu ministério final.
Exausto e realizado, voou até o monte Tsafon e lá caiu em letargo, deixando aos cinco arcanjos a incumbência de governar em seu nome. Terminou assim o sexto dia e começou o sétimo, que persiste até hoje.

1. As Batalhas Primevas (antes da luz)

Sabe-se muito pouco sobre as verdadeiras origens do cosmo. Segundo as suposições mais concretas, houve um tempo em que o universo, bem como tudo que nele existia, estava dividido em duas províncias: o reino do caos e o domínio da lei. As forças caóticas eram então governadas por uma divindade hedionda, Tehom, assistida por diversos deuses menores, entre eles Behemot, o Horrrendo, com sua lâmina de chamas negras. Seu opositor era o regente da ordem, Yahweh. Em determinado momento, Yahweh e Tehom entraram em guerra, um conflito ancestral a qual os anjos hoje se referem como Batalhas Primevas.
Para ajudá-lo nesse embate, Yahweh fez nascer os cinco arcanjos, seres de poder fabuloso, que lutaram a seu lado em confrontações magníficas. Tehom foi derrotada, e assim Yahweh assumiu a supremacia das duas províncias, consagrando-se onipotente sobre todas as coisas.
Surgiram então o tempo e a matéria, o primeiro, responsável pelos movimentos cíclicos do cosmo, e a segunda encerrando a substância, a essência que mais tarde moldaria as estrelas, os planetas e todos os seres viventes.
As energias primárias se condensaram, para então se dispersar numa explosão sem igual. O fulgiston, o grande redemoinho da criação, espalhou ondas de plasma através do universo, dando origem as dimensões paralelas. Os anjos nasceram com os primeiros raios de luz, sendo divididos em castas, cada qual com um propósito, mas com uma tarefa comum de auxiliar na construção e manutenção da obra de Deus.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Cronologia Celeste

O que se segue é uma breve cronologia dos principais eventos no céu e na terra, sob a perspectiva das entidades aladas entidades aladas. Os registros posteriores ao fulgiston foram observados e catalogados pelos malakins. As anotações anteriores são resultados de pesquisas contínuas, previsões e hipóteses.

  1. As Batalhas Primevas (antes da luz);
  2. O Jardim do Éden e o Sétimo Dia (de 400 milhões até 200 mil a.C.);
  3. As Grandes Catástrofes e a Diáspora Humana (de 180 mil a.C.);
  4. As Guerras Mediterrâneas (de 38 mil a 11.500 a.C.);
  5. As Guerras Etéreas (de 23 mil a 12 mil a.C.);
  6. O Dilúvio e os Sentinelas (de 11.500 a.C.);
  7. Sodoma, Gomorra e Irmandade dos Renegados (de 3.800 a.C.);
  8. A Rebelião de Lúcifer (de 3.500 a.C.);
  9. A Guerra Civil (do ano 0 até hoje).
A cada dia postarei um artigo contando cada um dos 9 tópicos acima. Artigos excelentes em linguagem simples e de fácil compreensão.

Os Sete Céus

Primeiro Céu: Tártaro. Lar dos ishins, abriga os quatro reinos elementais. É a camada mais próxima da terra.
Segundo Céu: Gehenna. O purgatório. Uma dimensão de escuridão e torturas, destinada a deter prisioneiros e almas em penitência.
Terceiro Céu: Éden Celestial. Destino da alma dos justos após a morte.
Quarto Céu: Acheron. Camada intermediária. Contém fortalezas angélicas e campos de guerra.
Quinto Céu: Celestia. Aqui ficam o Palácio Celestial, as cidades aladas e as catedrais celestes. Era o ponto de reunião dos arcanjos antes da guerra civil.
Sexto Céu: Raqui'a. Região controlada pelos malakins. Usada como retiro e pavilhão de estudos.
Sétimo Céu: Tsafon. Onde Yahweh descansa.

As Sete Castas Angélicas

Querubins: Anjos guerreiros. Seus poderes são baseados em força, percepção, furtividade e rapidez.
Serafins: Nobres, políticos  e burocratas. Mestres na persuasão e na manipulação da mente.
Elohins: Vivem no plano físico, geralmente disfarçados de seres humanos. Hábeis em se adaptar a etnias e grupos sociais.
Ofanins: Anjos de guarda. Seres bondosos, que vagam no plano astral ajudando os seres humanos. Carismáticos, são capazes de controlar emoções.
Hashmalins: Torturadores, anjos da punição. Controlam os espíritos e as trevas.
Ishins: Celestes responsáveis por governar as forças elementais: fogo, terra, água e ar.
Malakins: Sua missão é estudar o universo e a humanidade. Reclusos, podem moldar o tempo e o espaço.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Demônios e Deuses

Andira: A Senhora da Noite. Antiga deusa dos povos yamís, uma das civilizações pré-cataclismicas.
Bakal: Demônio controlado por Guth. Alimenta-se de sentimentos depressivos.
Guth: Demônio que suga energia dos seres humanos a partir de espasmos de êxtase.
Sirith: Comanda uma brigada de raptores. Sua missão é capturar anjos na terra.

Anjos

Ablon: O Primeiro General. O maior soldado do arcanjo Miguel. Posteriormente se rebelou, tornando-se o líder dos anjos renegados.
Andril: O Anjo Branco. Um ishim que manipula o frio e o gelo. É um dos arcontes de Miguel.
Apollyon: O Anjo Destruidor. Guerreiro preferido de Lúcifer. Caiu com ele, transformando-se em um de seus demônios.
Astaroth: Chamado de Demônio Celeste, guarda o Cárcere do Medo, a maior prisão do paraíso.
Aziel: Um dos ishins de Gabriel, Soberano da Cidadela do Fogo.
Dariel: Vigia em serviço no Cárcere do Medo.
Denyel: Ex-agente do arcanjo Miguel. Um dos querubins exilados.
Forcas: Um dos soldados de Andril. Quando materializado, assume a imagem do um vigoroso leão.
Hekem: Soldado em serviço no Cárcere do Medo.
Henoch: Um hashmalim, arconte de Miguel. Enfrentou Kaira na Torre das Almas.
Ismael: Aliado de Kaira na primeira missão. Foi um dos poucos hashmalins que abraçaram a facção rebelde.
Kaira: Centelha Divina. Capitã dos exércitos revolucionários de Gabriel, é uma ishim da província do fogo.
Levih: O Amigo dos Homens. Um ofanim partidário das forças rebeldes. Caminha na terra ajudando os seres humanos.
Mickail: Um querubim exilado. Junto com Denyel, integrou o batalhão dos anjos da morte.
Primeiro Anjo: Figura temida e misteriosa. Antigo líder dos sentinelas.
Teth: Um dos malakins exilados.
Urakin: O Punho de Deus. Um guerreiro obstinado e forte, é o parceiro de missão de Levih.
Varna: Líder do regimento das arqueiras. Lugar-tenente do arcanjo Gabriel.
Yaga: Sombra da Morte. Uma hashmalim sob as ordens de Andril.
Zarion: Guarda-costas de Kaira.

Arcanjos (Em Ordem Hierárquica)

Miguel: O Príncipe dos Anjos. Maior de todos os arcanjos, venceu os exércitos de Lúcifer e os expulsou para o Sheol.
Lúcifer: A Estrela da Manhã, chamado também de Filho do Alvorecer, Portador da Luz ou Arcanjo Sombrio. Rebelou-se contra Miguel e hoje tem seu próprio domínio nas profundezas do inferno.
Rafael: A Cura de Deus ou o Quinto Arcanjo. O mais bondoso e indulgente dos primicérios. Desapareceu misteriosamente nos dias que se seguiram ao dilúvio.
Gabriel: O Mestre do Fogo, Mensageiro, Anjo da Revelação ou Força de Deus. Costumava ser enviado a Haled para cumprir missões ordenadas pelos demais arcanjos. Revoltou-se contra o irmão, Miguel, dando início a guerra civil.
Uziel: O Marechal Dourado. Patrono dos Querubins, é o caçula entre os arcanjos.

A Cidadela de Fogo

A Cidadela de Fogo, cerne político do Primeiro Céu, é, desde a cisão dos Arcanjos, o quartel-general das forças de Gabriel. Construída sobre o Netúnia, o maior vulcão do paraíso, e sustentada por quatro imensas correntes, era originalmente uma fortaleza ishim, governada pelo anjo Aziel, até receber os exércitos rebeldes.
No interior da cidadela, o próprio Gabriel, também chamado de Mestre do Fogo, Anjo da Revelação, Mensageiro ou Força de Deus, repousava no Templo da Harmonia. O salão impressionava pela amplitude, fazendo Athea parecer uma casa de bonecas. As colunas de pedra clara mediam cem metros de altura, e sobre elas fontes aromáticas borbulhavam, suspendendo um vapor confortante. Entre as pilastras centrais, uma plataforma conduzia ao altar.
Gabriel era a imagem da calmaria, uma excentricidade absurda para um renomado líder de guerra.

Além da Eternidade

O que existe além do túnel da morte é um mistério que ultrapassa a erudição das mais elevadas entidades celestes. O processo pelo qual os seres humanos ascendem é outra questão obscura, que nunca foi totalmente explicada. Existem teorias, formuladas pelos malakins, e a principal delas afirma que as almas estão presas a terra pelas necessidades do corpo físico, este funcionando como uma espécie de âncora, ligado a fonte por uma corrente psíquica. Quando o corpo morre, a conexão é desfeita, permitindo que o espírito "levite" as dimensões superiores.
O Terceiro Céu é um região carente de passagens tradicionais, praticamente inacessível aos anjos comuns. Seus vórtices se abririam então aos seres humanos na ocasião da morte, assumindo o curioso aspecto de túnel. Nem todas as consciências, porém, seriam capazes de ascender. Algumas, carregadas de ódio, intolerância e rancor, acabariam "flutuando" abaixo do Elísio, encalhando nas bordas da Gehenna, onde seriam julgadas por seus atos em vida. Outras, mais "pesadas", simplesmente afundariam, decaindo ao inferno, para renascer como espíritos do mal. Uma vez no Sheol, os novatos tem a alma destruída, cortando definitivamente qualquer ligação com o divino, transformando-se assim em entidades satânicas. Por fim, há ainda as mentes infelizes, entorpecidas pela tristeza, que continuam apegadas ao plano dos homens, vagando pelo mundo astral como fantasmas errantes.
Através do túnel da morte, esperamos encontrar de tudo, de torres cintilantes a cidades de ouro, de legiões espirituais a jardins coloridos, mas nada além de luz e trevas, ordem e caos, calor e frio, todos os opostos coexistindo em completa harmonia.
Todos os mundos, céus e infernos vivem eternamente dentro de nós. Nada persiste por mais de um instante. Seja uma descarga cósmica ou um domingo de sol, todas as coisas estão em movimento.
A eternidade não é algo que dura para sempre. Ela existe aqui e agora, quando nossa percepção temporal é desligada. Esses momentos são perpétuos e sobrevivem a vulgaridade do tempo. Vida e morte, bem e mal, passado e presente, são apenas miragens transitórias.

Golem, A Besta Demoníaca

O Golem é uma entidade sombria, uma criatura, um monstro autômato criado pelos torturadores do abismo para servir como animal de carga e máquina de guerra. Os Golens eram construídos pela casta dos baals nas cavernas de Zandrak, no terceiro círculo do inferno. Primeiro, os diabos manufaturavam a carcaça, misturando músculos, ossos e tendões, dando forma a besta gigante. Depois, abarrotavam suas entranhas de espíritos recém-chegados ao Sheol, almas que renasciam a imagem de larvas. O resultado dessas monstruosidade se manifestava em entidades dementes, sem inteligência ou vontade, treinadas para destruir e matar.
A besta é parecida com um enorme cadáver, de três metros de altura e rostos se contorciam através da pele, eternamente gritando, tentando sair.
Conta-se a história que pouquíssimos anjos saíram vivos da batalha contra uma daquelas aberrações demoníacas.
O Golem não possui órgãos e muito menos coração, ele é movido por uma colônia de vermes, espíritos loucos e desesperados, que não tinham noção do que era certo ou errado.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Segundo Céu

Os Setes Céus são uma dimensão seccionada, que, como o próprio nome já diz, está dividida em sete camadas ou "esferas". Antes da guerra civil, o Primeiro Céu era o lar dos Ishins, com seus reservatórios de chuva e orvalho, celeiros de neve e granizo, câmaras de tempestade e os quatro reinos elementais, até ser ocupado pelas tropas rebeldes do Arcanjo Gabriel.
Logo acima, o Segundo Céu compreende a Gehenna, uma região de escuridão e torturas, que no passado foi usada por Lúcifer como zona de punição para as almas injustas. Com a expulsão das hostes maléficas, o inferno passou a atrair os espíritos perversos e a Gehenna assumiu a função de purgatório,  um tribunal onde as consciências humanas são julgadas. Muitas passam por um período de expiação, durante o qual sua retidão é testada. Uma vez absolvidas, são enviadas as colônias do Terceiro Céu, mas se forem condenadas terminam atiradas ao domínio do Diabo, no abismo.
Antes da primeira rebelião, Lúcifer era o Senhor da Gehenna. Ele moldou o Segundo Céu a sua imagem definitiva, um lugar soturno e umbroso, uma esfera de dor e sofrimento, uma prisão não apenas para as almas corrompidas, mas também para anjos desobedientes, e mais tarde para muitos demônios e deuses.
É na Gehenna que está localizado o Cárcere do Medo, o maior cativeiro do paraíso, destinado a deter os criminosos mais perigosos. Quem atualmente controla a bastilha é o anjo Astaroth, um hashmalim astuto, famoso por ter sido um dos braços direitos de Lúcifer, mas que, mesmo leal a seu amo, decidiu não se unir a ele na grande batalha contra as legiões de Miguel. Por ter rechaçado seu Mestre, o Príncipe dos Anjos o consagrou como uma figura de total confiança e lhe entregou o comando do cárcere, que governa com punhos de ferro. Por sua antiga associação com a Estrela da Manhã, Astaroth detém o título de Demônio Celeste. Essa não é uma alcunha jocosa, mas um codinome severo, que inspira respeito a todos que dele se aproximam.
A Gehenna é uma dimensão nebulosa, composta de desertos, rochas e charcos, um ambiente rigoroso e hostil, povoado por espíritos de animais carniceiros, tais como crocodilos, hienas, abutres e toda sorte de mosquitos, aranhas, moscas e vermes. Uma das ironias do Segundo Céu é que nele não há firmamento. A camada nada menos do que uma gigantesca caverna, com um teto tão alto que é impossível enxergá-lo entre as nuvens. As estalagmites formam altas colinas de pedra, montanhas de verdade, com vigas que ligam as estalactites acima. As galerias são imensas e espaçosas, algumas com mais de duzentos quilômetros de profundidade. Toda luz provem de fontes indiretas, principalmente dos gases do pântano, que evaporam formando pontos verdes de radiação, esferas tóxicas e mortais ao contato.
O Cárcere do Medo foi construído no interior de uma dessas monstruosas estalagmites celestes. É decorado com ossos humanos e fixado por coberturas de pele que, uma vez ressecadas, se transformam em placas de couro, adequadas para impressionar os novos detentos.
A prisão recorda uma torre, um bastião de quatrocentos metros de altura sobre uma ilha cercada de pântanos e lodaçais. Astaroth passava a eternidade a sobrevoar o pináculo, vigiando a fortaleza de cima, observando o baluarte sem vacilar.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Fogo Negro

Fogo Negro. O sabre usado pelo falecido Bahemot.
Eis a arma mais poderosa do universo, empregada pelos inimigos históricos, nas Batalhas Primevas, antes mesmo da primeira centelha. Foi forjada por Tehom, especialmente construída para exterminar arcanjos

Acesse também Chamas Negras.

Depois do Dilúvio

Os dias que se seguiram a enchente foram tensos na maior parte das sete camadas celestes. Apesar da ferocidade da ação e do empenho com que fora executada, não tardou a ficar claro que o plano inicial de exterminar a raça humana havia enfim fracassado.
O desgosto dos primogênitos se refletiu no comportamento das legiões, que se tornaram cada vez mais sanguinárias. Os ishins foram desacreditados, relegados ao Primeiro Céu e ao comando direto do Arcanjo Gabriel. A partir de então, a casta dos querubins assumiu a vanguarda, descendo a Haled em ofensivas contínuas, atacando os focos humanos em operações cirúrgicas, mais eficientes e precisas que as hecatombes pregressas.
Nos séculos vindouros, essas campanhas se tornaram frequentes, e aos poucos pareciam estar surtindo eventuais resultados. Miguel e Lúcifer estavam alinhados nesse ponto, mas Rafael continuava a ser um problema. Sua insistência em não retornar ao Palácio Celestial era vista como uma atitude de protesto, um indesejável exemplo a ser seguido por todos que não pactuassem com as resoluções do conselho.

terça-feira, 12 de julho de 2016

O Rio Oceanus e O Rio Styx

O rio Oceanus foi criado por uma das primeiras divindades etéreas, e usado como via diplomática pelas entidades anciãs de várias partes do cosmo. Enquanto no Rio Styx os barqueiros são responsáveis por manter o equilíbrio de seus canais, o Oceanus funciona de maneira diversa: suas águas anulam os poderes de anjos e deuses, de forma que as ilhas oceânicas foram declaradas territórios neutros. Supostamente, só os onipotentes arcanjos seriam capazes de atuar nessas áreas de cancelamento.
Um lugar onde alados e os espíritos não podem manifestar suas habilidades.
Athea (colônia de Atlântida) fica dentro de um vértice, e a câmara que esconde o afluente certamente está inundada pela águas do Oceanus, tornando os anjos vulneráveis, impedidos de conjurar quaisquer capacidades místicas.

Porque Atlântida e Enoque Foram Destruídas?

Os arcanjos não julgavam os terrenos dignos da herança de Deus. Miguel nunca aceitou se curvar aos homens, como o Criador havia ordenado. Essa foi uma das causas, mas não a única.
As civilizações antediluvianas tinham consciência do poder da alma imortal, a maior de todas as dádivas humanas, o presente divino que foi negado aos celestes. Agraciados com o livre-arbítrio, os povos antigos traçaram seu próprio destino, erigiram nações magníficas e avançaram no estudo da mágica. Nós, espíritos imortais (anjos), nos tornamos seus mentores, o que irritou os arcanjos. Assim, quando as Guerras Etéreas terminaram, Miguel decidiu retomar a política dos grandes massacres e exterminar cada mortal sobre a terra. Suas legiões sitiaram cidades e fortalezas terrestres, inúmeras vezes, mas foram repelidas. Diante da resistência, uma catástrofe universal era a única opção. E os primogênitos (arcanjos) arquitetaram o dilúvio.

A Extinção do Império Yamí E As Guerras Mediterrâneas

O templo Yamí fora construído entre o primeiro e o segundo cataclismos, por volta de quarenta mil anos antes de Cristo, embora suas torres e edifícios, só tivessem sido erguidas depois. Esta era a Cidade dos Deuses dos povos yamís, um recanto reservado as entidades etéreas e só acessível a alguns sacerdotes humanos, cujos templos físicos ficavam em regiões mais ao sul. Os Yamís eram, apesar da grandiosidade, um dos menos destacados impérios antediluvianos, diante dos soberbos reinos de Enoque e Atlântida, as grandes pátrias rivais que dominaram a terra no dias anteriores a enchente.
Enquanto os homens de Nod detestavam os anjos pelas catástrofes que promoviam, chegando a desafiá-los em confrontos de aço e magia, os atlantes os amavam, atitude que ajudou a preservar suas colônias por séculos, até a inundação que assolou o planeta, uma traição sem precedentes que sepultou para sempre todos os vestígios da Pérola do Mar, como era chamada na época. Enoque e Atlântida passaram a maior parte de sua longa existência se digladiando numa série de campanhas militares conhecidas como Guerras Mediterrâneas.
A rivalidade persistiu por tantos milênios que os sábios atlânticos formaram um círculo de nove generais, os regentes, responsáveis por organizar as tropas e principalmente defender as fronteiras. As Guerras Mediterrâneas amenizaram algumas décadas antes do terceiro cataclismo, para se encerrar finalmente com a extinção das duas maiores civilização que o mundo já viu, por volta de 11.500 anos antes de Cristo.

Vértices e Vórtices e Deuses

Vórtices são túneis dimensionais.
Os vértices são áreas demarcadas em que os mundos físicos e etéreo se cruzam. São intercessões planares e funcionam como bolsões, onde tanto criaturas materiais quanto seres etéreos podem se encontrar.
Mas alguns podem perguntar, o que seriam essas criaturas etéreas? Fantasmas?
Não. Fantasmas são almas atormentadas, eternamente presas ao plano astral. O plano etéreo é o refúgio dos antigos deuses humanos. São entidades dotadas de grande poder, mas incapazes de se materializar. Muitos vértices foram criados no passado, justamente para permitir a interação dessas divindades com seus sacerdotes tribais. Hoje são raríssimos, já que não resistem ao menor abalo no tecido.
Muitos acham que existe apenas um Deus, mas existem vários.
Há um único Deus criador, Yahweh, o mesmo que nos deu a luz e fertilizou a humanidade.
As divindades etéreas nada mais são do que espíritos evoluídos, que inspiravam seguidores e seitas, por isso são chamados de "deuses".
Certos vértices só se abrem em determinadas horas do dia, ou em ocasiões especiais, como o alinhamento dos astros. Outros necessitam de chaves místicas.
Quando a raça humana começou a se desenvolver como civilização, surgiram os heróis. Homens e mulheres fortes e sábios que, por suas façanhas, eram tidos como modelos inabaláveis. A adoração a muitos desses ídolos não só continuava após sua morte, mas como crescia. Agraciado pela força da fé de seus seguidores, o espírito desses campeões ganhava poder.
Retidas no plano etéreo justamente por essa ligação, tais divindades passaram a ser chamadas de deuses e se tornaram  objeto de veneração. Quanto mais eram adoradas, mais poderosas ficavam.
Naturalmente isso não agradou os arcanjos, que se consideravam entidades supremas. Irritados, eles juntaram suas tropas e inciaram uma série de incursões militares cuja missão era varrer do mundo espiritual esses espíritos divinizados. E assim tiveram início as Guerras Etéreas.
Definitivamente Miguel não sabia quão fortes eram os espíritos etéreos, e a campanha fracassou. Em quase todas as batalhas, foram derrotados, saindo escorraçados das regiões onde lutaram: Europa, África, América e Extremo Oriente. Colecionaram pouquíssimas vitórias, e o Oriente Médio foi a área mais promissora. Muitos celestiais foram mortos, capturados, outros executados.

O Império Yamí

Houve um tempo em que a selva (Amazônica) inteira estava ligada por rotas navegáveis, que conectavam templos, cidades e pirâmides. A hidrovia mais importante começava a leste de Tefé e terminava na montanhas do Peru.
Ninguém até hoje não encontrou os vestígios. Alguns estudiosos dizem que os povos sul-americanos mais antigos datam de quatro mil anos. E que nunca uma cultura dessa magnitude desapareceria totalmente. Mas eles são umas crianças. A história a seguir foi relatada a mim por um anjo.
 >>> O Império Yamí floresceu há mais de trinta mil anos. Alguns dizem ser impossível, porque isso seria antes dos aparecimento das primeiras civilizações humanas, datadas de dez mil antes de Cristo. Mas nada é impossível.
Yamí era um dos reinos antediluvianos, que encontrou sua majestade antes da grande inundação que devastou Atlântida, Enoque e tantas outras cidades-estados pré-cataclísmicas. O dilúvio universal foi a terceira e última grande hecatombe, enviada pelos arcanjos para aniquilar a raça mortal.
Os yamís foram inteiramente aniquilados. Nada sobrou, pelo menos não no mundo físico.

Sentinelas

Antes de adormecer, Deus entregou o controle do paraíso aos cinco arcanjos e delegou ao maior de todos os anjos a tarefa de descer a Haled para servir e guiar a humanidade, sem interferir em seu curso. Esse anjo reuniu um grupo de alados de várias castas, cuja missão seria viver entre os mortais, para ensinar-lhes os valores divinos. Esses agentes foram chamados de sentinelas.
Quando os arcanjos resolveram exterminar a espécie mortal, os sentinelas foram convocados de volta, mas já era tarde demais. Depois de tantos séculos no plano físico, eles haviam criados laços afetivos, alguns tiveram filhos, constituíram família, fizeram amigos. Como um pai que defende sua cria, eles seriam capazes de tudo para impedir as grandes catástrofes e salvaguardar os terrenos.
Os sentinelas não eram anjos comuns, eram poderosíssimos celestes agindo em nome de Yahweh. Eles continuaram na terra, ajudando a raça humana a sobreviver a Era Glacial e aos cataclismos subsequentes. Então veio o dilúvio e a maioria deles morreu. Dizem que alguns foram capturados, e esse foi o fim desse honrado grupo de emissários de Deus.
Ninguém sabe qual foi o verdadeiro papel deles na formação das primeiras civilizações. Conta-se que instruíram os mortais no uso do fogo, das artes, da magia. Praticamente tudo que eles fizeram se perdeu, sua obra foi apagada dos registros celestes, e os malakins são proibidos de estudar a respeito. Mas é assim que sempre termina, os vencedores contam a história.

Éden Celestial

É o nome dado ao Terceiro Céu. É para lá que seguem os justos.
Existem dois Édens. A terra é chamada de Éden ou Jardim do Éden e o Terceiro Céu como Éden Celestial é porque as duas camadas são destinadas a abrigar as almas humanas, a primeira na vida e a segunda na morte. O Terceiro Céu é a morada dos santos, com suas cidades e colônias espirituais. É o destino final dos mortais que alcançaram a redenção e também das pessoas comuns que viveram dignamente.
Nenhum dos anjos esteve nessas colônias.
Os anjos não são admitidos no Terceiro Céu, só os espíritos humanos. O Éden Celestial, com o Elísio, seu pavilhão de entrada, forma uma fronteira segura entre as legiões de Miguel, estacionadas no Quinto Céu, e os exércitos de Gabriel, refugiadas na primeira camada. Aquele que dominar esse nível intermediário terá uma base definitiva contra o inimigo.

domingo, 10 de julho de 2016

Anjos e Deus, Quem Ele é?

A despeito de seus poderes extraordinários, os anjos tem fraquezas também.
Os querubins, por exemplo, não podem recuar do combate, muitas vezes expondo seus aliados a um enfrentamento desnecessário.
Os ofanins não podem matar.
Já os ishins são especialmente sensíveis as substâncias refinadas.
Os hashmalins são anjos da punição, torturadores de almas. Entre suas várias aptidões, está a habilidade de controlar espíritos, podendo sugá-los de corpos terrenos, estejam eles vivos ou mortos, para em seguida guardá-los ou prendê-los em objetos físicos ou em outros corpos.
Mas é no minimo grotesco que um anjo nunca tenha visto a face de Deus. Então, surge as perguntas: O que ele é? De onde veio? Qual é a sua função neste universo?
Só os arcanjos poderiam nos dizer. São os únicos que estiveram frente a frente com o Criador. Deus é um nome, um conceito. Seu verdadeiro significado transcende qualquer pensamento, está além da ideia de ser ou não ser, além mesmo da categoria de existir ou não existir. O poder supremo age através das divindades dos anjos, são os veículos que ele escolheu para se manifestar na esfera terrena.
O cosmo é como um grande deserto, e o mundo não é tão diferente. Cada um deve decidir por si mesmo. Se homens e anjos estão se matando, não é a Yahweh que devemos culpar.
De outro ponto de vista, talvez seja necessário aprender a conviver com certos mistérios da vida, para os quais simplesmente não havia respostas.

Planos e Dimensões

O Céu não é um plano, e sim um outra dimensão, que nada tem a ver com a terra nem está sobreposta a ela. É um universo afastado, acessível apenas através de portais e vórtices.
O inferno, também atingível somente por meio de passagens e túneis.
Há infinitas dimensões, algumas com criaturas e civilizações quem nem mesmo os anjos conhecem. Dois rios espirituais são as rotas mais conhecidas entre as dimensões. O rio Styx desce para os reinos inferiores, entra no Hades, ramifica-se em inúmeros braços e contorna o Sheol. E o rio Oceanus sobe as terras elevadas, atravessa Asgard, toma seus canais e termina no Terceiro Céu. Esses rios são usados como vias cósmicas por anjos, demônios e espíritos.
Certo, em outro artigo falei sobre o tecido ou membrana que separa essas dimensões, principalmente a física da espiritual, mas como esse tecido surgiu? Um antigo amigo meu, um anjo exilado respondeu essa pergunta. 
Ele disse o seguinte: "Isso é algo que ninguém sabe. Se alguém que lhe disser a resposta, está mentindo. Tudo que existe são especulações e nada mais".
Mas, segundo os malakins, a membrana teria se formado a partir da consciência da humanidade, agindo como uma barreira psíquica. Trata-se de uma cortina involuntária que os mortais teriam desenvolvido para desacreditar tudo aquilo que não compreendem e com o qual não conseguem lidar. Por isso os poderes dos anjos não podem ser conjurados onde a película é espessa. O motivo pelo qual o tecido se adensa quando se aproxima das cidades e dos centros urbanos.
Isso é filosofia pura. Não tente raciocinar muito a respeito, nunca vai chegar a uma conclusão.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Raptores

Quando um humano morre, várias coisas podem acontecer. Se a alma for essencialmente maligna, há a possibilidade de ela decair ao inferno.
Os anjos chamam essa dimensão de Sheol. Inferno é um nome terreno, embora muitos dos anjos tenham adotado esse mesmo nome. Todo espírito que chega às profundezas tem chance de crescer, mas ingressar nas fileiras satânicas não é tarefa simples. Só os mais aptos conseguem, empregando violência e malícia para superar os rivais. Alguns desses candidatos se alistam como raptores, cuja missão é servir na Haled. Capturar um anjo é garantia de promoção, e aqueles que tem sucesso são aceitos imediatamente em uma das ordens infernais.
Os demônios superiores empregam raptores porque eles não podem vim a terra. A maioria até pode, de fato, mas viajar ao plano físico não é como tomar um elevador. Assim como os alados, que vivem uma guerra no céu, o Sheol também é agitado por lutas constantes: reinos contra reinos, ducados contra ducados, feudos contra feudos. Quanto mais poderoso for o demônio, mas ligado estará ao seu domínio, mais servos para comandar, mais soldados para liderar, e com tantos adversários qualquer ausência se faz perigosa.
De certa forma, os mortais não podem notar os raptores. O que não falta na terra são seres humanos perversos, e todos eles são potenciais raptores. Não se engane quanto ao altruísmo da humanidade. Lúcifer recebe toneladas de almas corrompidas todos os dias.
Os raptores são soldados descartáveis, e justamente por isso são agentes perfeitos no mundo material. São espíritos novatos, ainda apegado a carne, portanto se sentem confortáveis entre os terrenos, copiando os vivos em todos os aspectos.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Os Códigos Perdidos de Nod

Citação: Todos os idiomas da terra derivam da mesma fonte ancestral, os códigos perdidos de Nod, desenvolvidos pelos escribas de Enoque, a primeira cidade humana. 
Na verdade, "Os Códigos Perdidos de Nod" não são de Nod mesmo, são de Enoque, mas acredita-se que a escrita e tudo mais relativo a ela foi perdido durante o dilúvio.

Quinto Céu, Antes do Dilúvio

No princípio dos tempos, quando o mundo era jovem, antes das guerras angélicas, antes mesmo da primeira rebelião, o Quinto Céu era o ponto de união dos arcanjos, os grandes líderes escolhidos por Deus para governar a terra e o universo. Aqui na terra fica o Vale de Yahweh, uma imensa cidade projetada pelo serafins, com seus castelos de ouro e platina, templos de pérola e marfim, catedrais de puro mármore e torres de até cinco mil metros de altura. Nas plataformas sobre os edifícios e mais acima, entre as nuvens, deslizavam esquadrões de lutadores alados, guerreiros prontos para a batalha, treinados para defender o paraíso contra qualquer ameaça ou invasão.
No centro dessa cidade-fortaleza se elevava o Palácio Celestial, uma estrutura pentagonal em forma de estrela, com uma enorme cúpula no meio. O domo de cristal abrigava a bancada dos arautos, agora vazia, e o trono dos gigantes, que de tão reluzente chegava a ofuscar. O altar de Miguel se consagrava no topo, seguido pelas cadeiras de Lúcifer e Rafael, no segundo nível. Gabriel e Uziel, na tribuna mais baixa.
No pórtico havia vigias nos minaretes, cada qual numa das cinco pontas da estrela. Dois generais querubins, eram chamados de Ablon e Apollyon, defendiam a estrada. O primeiro (Ablon) era o soldado preferido do Arcanjo Miguel, a quem ele havia presenteado com o comando da Legião das Espadas. O segundo (Apollyon) era o braço forte de Lúcifer, um brutamontes sem consciência ou escrúpulos, mas admirável quando estourava o combate, um verdadeiro mirmidão de crueldade e dureza.
O portão ao se abrir revelava um corredor em formato ogival, seguindo vários metros até a rotunda. Onde encontrava-se Miguel apoiado no trono, trajando sua armadura de metal prateado, com o capacete de queixada pontuda e a espada recolhida a bainha. Os cabelos negros sempre estavam presos num rabo de cavalo, demonstrando feições masculinas e cicatrizes que subiam do pescoço a cabeça. Perto dele, Lúcifer, a Estrela da Manhã, ocupava sua própria cadeira, vestindo apenas um toga alinhada. Os olhos eram de um azul muito profundo. As melenas louras estavam atadas em trança, e a presença refletia um charme fabuloso, irresistível. Tinha o corpo delgado, o rosto fino e a pele macia, mas a postura era magnífica, encobrindo a autoridade do onipotente Miguel.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

A Casta dos Ishins

Os Ishins são anjos responsáveis por reger as forças elementais, tais como o fogo, a água, o ar e a terra, bem como as substâncias para elementais, tais como o gelo, a fumaça, vapor, lama, poeira, rocha e eletricidade. A ordem ajudou Deus a criar o universo, acendendo as fornalhas estelares, transformando mundos de fogo em sólidas esferas de pedra, condensando atmosferas e oceanos.

Guerra no Céu

Gabriel, o Mestre do Fogo, era a ponte de ligação dos arcanjos entre o céu e a terra. Também chamado de Mensageiro, atuava como vigilante, arauto e assassino. E foi justamente o contato com os seres carnais que o fez enxergá-los como parte da criação do Divino. Gabriel decidiu que abandonaria o ódio aos mortais, mas para isso teria que desafiar seu comandante, Miguel. Começou assim uma segunda batalha no paraíso, com os esquadrões se dividindo entre os novos rebeldes e as tropas legalistas. Miguel estacionou seu exercito no Quinto Céu, enquanto Gabriel se exilou na primeira camada ou Primeiro Céu.
Os arcanjos já lutam há séculos, e muitos escolheram seguir o Mestre do Fogo, em defesa da humanidade e contra o extermínio dos homens. O Quarto Céu se transformou num infinito campo de luta, e a partir de então os dois lados estabeleceram uma trégua na terra. Muitos foram convocados, ou seja, os que estavam na Terra foram convocados a suas fileiras na guerra no céu, isso aconteceu dos dois lados.
A casta dos Elohins é uma exceção. A natureza deles é viver com os humanos, talvez por isso seja tão difícil reconhecê-los. A convocação a qual me referi tem um nome: Haniah. A ideia original era esvaziar a Haled e deslocar o maior efetivo possível para lutar a guerra no céu. Com isso, a liberdade de viajar a terra foi restringida. Como os Elohins não dão a mínima para o que acontece no paraíso, alguns anjos de outras castas tiveram de permanecer aqui, como observadores de seus arcanjos.
Antes da guerra, todos serviam o arcanjo Miguel. Lutaram lado a lado contra Lúcifer e seus anjos caídos, enfrentaram os deuses pagãos, batalharam juntos para defender o paraíso. Obedeciam a Miguel porque na época não tinham opção.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Yahweh e a Criação

Deus criou o universo em seis dias e no sétimo repousou. A mais sublime de suas obras foi a espécie humana, a grande criação que ofuscou todas as outras. Yahweh amou os mortais desde o início e, por tanto adorá-los, os agraciou com a graça suprema: a alma ou livre-arbítrio. Isso aborreceu os arcanjos, que se consideravam os únicos herdeiros do Criador.
A alma encerra a verdadeira energia imortal. É o que permite aos homens exercerem o livre-arbítrio e regerem o seu próprio destino. Os anjos, apesar de poderosos, estão limitados pela natureza de suas castas. São concebidos com um único propósito. Embora possam governar as escolhas, não são capazes de se adaptarem e nem de se reproduzirem. Esse era o presente que muitos alados desejavam, e assim passaram a invejar os terrenos.
Yahweh partiu para o descanso do sétimo dia, delegando aos arcanjos a tarefa de servir a humanidade no período que estivesse ausente. Mas a inveja desses celestiais se transformou em vingança, e isolado no trono Miguel ordenou o extermínio da raça humana. Lançou incontáveis cataclismos sobre a terra, e entre eles o maior foi o dilúvio.
Deus está adormecido até que o sétimo dia termine, o que ainda pode durar milhares de anos. Por enquanto, estamos por nossa conta. Anjos ou humanos, somos nós que damos as cartas.
Com a ausência de Yahweh, Miguel foi consagrado Príncipe dos Anjos, mas ele tinha um rival: Lúcifer, a Estrela da Manhã, que desejava tomar-lhe o principado. Essa contenda deu início a primeira guerra no Céu, uma revolução que terminaria por expulsar os anjos caídos do paraíso. Lúcifer e suas legiões foram atirados ao Sheol, uma dimensão obscura na profundezas do cosmo.

Haled

É assim que os anjos chamam o mundo dos homens. Então existem outros planos.
O tecido da realidade é a fronteira invisível que separa o mundo físico dos planos espirituais. É como um véu, uma cortina dimensional. Os celestiais podem atravessar essa membrana. Quando os circuitos elétricos falham, as lâmpadas oscilam, os telefones deixam de funcionar, é o acontecimento de distúrbio no tecido. Quanto mais fina for a película, mas facilmente podem invocar os poderes.
Além do tecido existem os reinos espirituais. O primeiro deles é o plano astral, um espelho do mundo dos homens, por onde caminham os fantasmas e as almas perdidas. As camadas mais profundas levam ao plano etéreo, lar dos deuses antigos e das terras sagradas.
No astral ficam as passagens para as dimensões paralelas, com seus vórtices de ligação entre o céu e a terra. É uma camada de transição essencial para os anjos.

NOTA: Os demônios também podem atravessar os planos,
ou seja, sair do Sheol para a terra, mas para isso,
precisam ser invocados, ou conjurados,
sem tal motivação, só os anjos que 
se transformaram em demônios
tem acesso sem conjuração.