quinta-feira, 26 de maio de 2016

O Farol de Alexandria

A cidade de Alexandria fora construída em uma estreita faixa de terra ao nível do mar, comprimida entre o mar e o Mediterrâneo ao norte, e o esplendoroso lago Mareotis ao sul. A capital outrora fora o lar de uma pacata vila de pescadores, até que, em um dia de verão do ano 332 a.C., Alexandre, o Grande, que acabara de conquistar o Egito, viajava com sua comitiva ao oásis Siwa, na Líbia, quando avistou uma aldeia e a deslumbrante ilha rochosa que protegia o ancoradouro. Maravilhado com a beleza e o potencial daquele recanto bucólico, decidiu que ali fundaria sua capital regional, uma localidade que mais tarde seria batizada em sua homenagem -- Alexandria.
A metrópole se tornaria parte fundamental da rota marítima que ligava a Grécia ao Egito, servindo também como ponto de saída para a via navegável que percorria o Nilo, atravessava o Mar Vermelho e desembocava no Oceano Índico.
Embora fosse Macedônio, Alexandre era apaixonado pela cultura grega, considerando-se um helênico. Todos os seus palácios obedeciam em detalhes ao modelo arquitetônico grego, com fachadas triangulares, altas colunas que sustentavam o teto e longas escadarias de mármore que conduziam a entrada principal. Alexandria não era diferente. Portanto, em vários aspectos, a cidade se parecia muito com Atenas, mas a dinastia dos Ptolomeus, que passou a governar o Egito alguns anos após a morte de Alexandre, reformou parte da metrópole e deu a ela uma aparência mais faraônica.
Ptolomeu II, que reinou por volta de 280 a.C., espalhou obeliscos egípcios pela capital, ergueu colunas decoradas com antigos hieróglifos e erigiu inúmeros monumentos imortais como o palácio real, o Tempo de Serapis e o famoso Farol de Alexandria. Para fazer frente a Atenas no domínio intelectual, a dinastia construiu o Mouseion, a grandiosa biblioteca que abrigava, em seu tempo, mais de quinhentos mil volumes, entre eles os manuscritos de Aristóteles, os comentários de Platão e incontáveis textos proféticos judaicos.
A enseada, abraçada e defendida por uma muralha que se precipitava mar adentro, protegendo os navios atracados. Uma faixa artificial de terra, com base de cascalho e superfície de pedra, ligava o continente a ilha de Faros, onde fora edificada uma das sete maravilhas de antigamente. O Farol de Alexandria era uma torre larga, de 150 metros de altura, toda construída de pedra calcária e encimada por uma magnífica estátua de bronze representando Poseidon, com seu inseparável tridente. Mas o atrativo mais impressionante do edifício estava no último dos seis andares, onde uma miríade de espelhos fitava o horizonte como uma luneta, refletindo o mar e detectando a aproximação de navios invisíveis a olho nu. A noite esses mesmos espelhos giratórios multiplicavam a luz do fogo que ardia no andar de baixo, emitindo uma majestoso clarão que guiavam os barcos no escuro. Além de ter boas estradas por toda a encosta do mar Interior.
O Brucheium era um dos distritos mais belos e movimentados de Alexandria. Ficava na ala leste da cidade, encostado as muralhas  e recortado por um canal, aberto para ligar o lago Mariotis ao porto marítimo.

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