A região de Nod, cuja capital era Enoque, foi a maior das nações humanas antes do dilúvio, ao lado da memorável Atlântida. O deserto a circundava, compunha-se de um solo rochoso, escuro, formado por um tipo singular de rocha vulcânica. Esse terreno, que outrora se fazia uniforme, sofrera com a força das águas do cataclismo, acabando por se tornar uma vasta planície de estilhaços de rocha. A areia, trazido pelo vento ao longo de milhares de anos, acumulava-se em pequenas crateras, concebendo curiosas "piscinas de terra", apelidadas pelos árabes de Hin-Kaban, Caldeirão de Pedra. Os relatos dos cananeus, que se referiam a Nod como "um país distante, assombrado, de solo negro e devastado", podem ter se originado daí. Certamente, se os cananeus alguma vez se aventuraram por aquelas bandas, identificaram-nas como alvo de uma extraordinária devastação.
Quando as águas do dilúvio baixaram, Amael, o Senhor dos Vulcões, fez surgir no solo de Nod um terrível jorro de magma, uma majestosa explosão de lava que desceu sobre as já destronadas fundações de Enoque. Os detritos da erupção soterraram os escombros, sepultando a cidade para sempre sob uma colina funesta. O acaso, contudo, foi generoso em sua arquitetura. Ainda havia oxigênio nos níveis inferiores quando os dejetos vulcânicos encerraram o buraco. Os gases das profundezas pularam para fora, abrindo caminho com velocidade e força devastadoras. Esses caminhos desenharam uma série de passagens que, uma vez solidificado o magma, formaram túneis entre as ruínas e o mundo exterior. O principal túnel para o ventre de Enoque descansa abaixo do morro negro, ao fim de uma gruta onde os renegados, há muito tempo, buscaram abrigo em uma noite de tempestade.
O morro. A gruta. O túnel.
Enoque, a Primeira e Última.
Nenhum comentário:
Postar um comentário