terça-feira, 31 de maio de 2016

A Fortaleza de Sion

Dentre todas as edificações do etéreo (plano espiritual), a Fortaleza de Sion é a mais magnífica. Suas proporções superam em todos os aspectos as estruturas humanas -- mas parece uma torre, edificada em cem anéis decrescentes, um sobre o outro, terminando em um pequenino pátio circular, onde está fixado o maior dos artefatos do mundo, a Roda do Tempo, o círculo místico criado por Deus para marcar a continuidade do sétimo dia.
A magnitude da fortaleza é tamanha que o primeiro anel, a base, chega a superar três mil metros de diâmetro. De suas paredes externas, assentadas por uma rocha avermelhada, nascem dezenas de milhares sacadas, janelas e umbrais, cautelosamente vigiados pelas poderosas legiões de querubins que guardam e cercam o perímetro. Em seu interior, um número incalculável de câmaras e salas de abrigo aos partidários do arcanjo Miguel, anjos vis, invejosos, que deixaram suas moradas no paraíso para lutar a grande Batalha do Armagedom. A fortaleza também é chamada de Torre das Mil Janelas, embora tenha muito mais do que um milhar de passagens.
Ao redor de Sion existe um circulo de montanhas que o protegem. Na base da Torre existe uma porta metálica que abri-se sem ser tocada, revelando um aposento curioso ao término de uma escada ascendente. Era uma grande sala redonda, revestida com as mesmas pedras vermelhas que compunham a fortaleza. Em suas paredes, duas dúzias de portas de ferro, todas fechadas. As dobradiças pareciam seladas, e nas portas não haviam maçanetas, mas cada uma delas tinha no centro um recuo anelado, decorado com símbolos angélicos. Esses nichos são um tipo de fechadura mística, onde são encaixadas chaves redondas. No meio da sala fixava-se um pedestal em formato de meia coluna, sobre o qual jazia um livro de aparência antiga, escrito por dentro e por fora.
Na câmara havia apenas uma única porta aberta, diferente das outras, mais larga. Sua passagem levava a uma segunda escada, bem mais estreita, no percurso Miguel pegou o Livro da Vida do pedestal e o guardou consigo.
Os degraus culminavam em um alçapão aberto, que saia para um pequeno pátio redondo. No meio descansava uma grande roda, como uma mesa redonda de pedra, presa ao chão por um eixo. As extremidades da roda eram marcadas por uma sucessão de caracteres, como os números de um relógio. As incrições, derivavam do código sagrado dos malakins, um idioma anterior a aurora do mundo. Aquele estreito terraço era o último nível da Torre de Sion.

Nenhum comentário:

Postar um comentário