Passo Nero era o nome de uma cantina, um restaurante de fachada onde se reuniam os asseclas de Bakuno, e onde ele próprio residia. Ficava ao sul do Trastevere (ainda hoje diz-se que sente nessa região uma forte energia sombria), a área "do outro lado do Tibre", uma região considerada pelos italianos a "autêntica Roma", mais ou menos afastada da agitação dos pontos turísticos.
Caracterizado pela vizinhança de prédios rústicos e pelos clássicos varais suspensos, o Transtevere é também apreciado pelas igrejas medievais, pelos campanários românicos e pelas casas estreitas, escondidas no emaranhado de ruas.
O Passo Nero não era frequentado por clientes comuns, mas pelos maliciosos raptores. Bakuno não ficava a vista. Tal como Yaga, ele desprezava os mortais, detestava tudo o que faziam e portanto evitava se manifestar no plano físico. Permanecia confinado a adega, recolhido a imagem de um borrão oscilante, com chifres, garras e dentes, recebendo seus seguidores, que desciam as escadas para buscar seus conselhos.
O local era sombrio. Cerca de quinze desses diabretes ocupavam o recinto, metade encarnada em seus avatares e a outra metade circulando no mundo astral. Suas formas espirituais eram pútridas, assustadoras a qualquer um que os visse, e mesmo em seus corpos materiais demonstravam carrancas estranhas, expressão maligna, e exalavam um odor nauseante. Usavam terno escuro, capote, chapéu, outros casacos de couro, calça de brim, macacão de trabalho, fumavam charuto, cachimbo, cigarrilha, e a maioria portava arma de fogo.
Os raptores são espíritos novatos, ainda muito apegados a carne. Seu único poder digno de nota é a capacidade de assumir a forma de qualquer criatura morta por eles, sugando-lhe a energia e a copiando nos mínimos detalhes, habilidade que eles usavam para se infiltrar entre os humanos, para corromper os terrenos e perverter sua alma.
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