domingo, 27 de novembro de 2016

Frases dos Caçadores de Sombras

"Em nome da Clave, peço entrada neste recinto sagrado. Em nome da Batalha que Nunca Acaba, peço autorização para usar vossas armas. E em nome do Anjo Raziel, peço vossas bênçãos em minha missão contra a escuridão".

"Onde há sentimentos não correspondidos, há um desequilíbrio de poder. É um desequilíbrio fácil de ser explorado".

"Onde há amor, frequentemente também há ódio, Os dois podem existir lado a lado".

"Sou Abbadon. Sou o Demônio do Abismo. São meus os lugares vazios entre os mundos. São meus o vento e a escuridão uivante".

"É melhor reinar no inferno do que servir no paraíso".

"Ódio não é nada quando posto na balança contra a sobrevivência".

"O mal não é intencional. Nós envenenamos e destruímos tudo que amamos. Há uma razão para isso. Temos um propósito maior".

"Eu estava vivo quando o mar Morto era só um lago que estava se sentindo mal".

"Longo é o caminho e árduo, que do inferno leva à Luz".

"O homem nasce para a tribulação como as faíscas voam para cima".

"Minhas estrelas brilham sombriamente sobre mim; a malevolência do meu destino pode, talvez, destemperar o vosso; portanto, devo almejar que me deixeis suportar meus males sozinho. Seria uma má recompensa que tivesse que enfrentar algum em nome do vosso amor".

"Fazer as coisas certas por amor às vezes é um saco".

"O que não me mata, é melhor fugir de mim".

"Amei-te, então arrastei estas correntes de homens para minhas mãos e escrevi minha vontade pelo céu com estrelas".

"Há doenças que caminham na escuridão; e há anjos exterminadores, que voam envoltos nas cortinas de imaterialidade e uma natureza reservada; a quem não podemos ver, mas cuja fora sentimos, e afundamos sob suas espadas".

"L'amor che move il sole e l'altre stelle". TRADUÇÃO: "O amor move o sol e as estrelas".

"O amor é a força mais poderosa do mundo. O amor pode fazer qualquer coisa".

"Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito, se não estivesse tendo pesadelos".

"O amor é uma contradição".

"Nada é gratuito. Tudo precisa ser pago. Para cada lucro em uma coisa, pagamento em outra. Para cada vida, uma morte. O inferno agora está satisfeito".

"Pois sua casa inclina para a morte e suas veredas para as sombras. Nenhum dos que se dirigem a ela tornará a sair, nem retornará as veredas da vida".

"Não quero alguém que veja o bem em mim, quero que alguém veja o mal em mim e ainda assim, queira estar comigo".

"A morte é a mãe da beleza".

"Nenhum homem escolhe o mal, porque ele é o mal. Ele apenas o confunde com felicidade, o bem que procura".

"Amor é um conhecido. Amor é um demônio. Não há anjo malvado além do amor".

"Descensus Averno falicis est". TRADUÇÃO: "A descida para o inferno é fácil".

"Não se pode jamais perder a esperança, porque se mantiver a esperança viva, se manterá vivo".

"Sangue não significa amor".

"Eu amo como se amam certas coisas sombrias".

"O passado é um país estrangeiro: lá eles fazem as coisas de modo diferente".

"A dor o deixa mais forte. A perda o torna mais poderoso".

"Em Deus está a glória: E quando os homens a ela aspiram, Não passa de uma centelha do fogo celestial".

"Assim, de ti fiz jorrar o fogo que te devorou, e te reduzi a cinza sobre a Terra, aos olhos dos observadores. Todos aqueles que te conheciam entre os povos ficaram estupefatos com o teu destino; acabaste sendo um objeto de espanto; foste banido para sempre".

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Caçadores de Sombras

Os Caçadores de Sombras, são chamados às vezes de Nephilim.
Na Bíblia eles eram filhos de humanos e anjos. A lenda da origem dos Caçadores de Sombras diz que foram criados há mais de mil anos, quando os humanos estavam sendo dominados por invasões de demônios de outros mundos.
Um feiticeiro invocou o Anjo Raziel, que misturou um pouco do próprio sangue com o de alguns homens e o deu para que estes o bebessem.
Aqueles que beberam o sangue do Anjo se tornaram Caçadores de Sombras, assim como seus filhos e os filhos de seus filhos.
O cálice onde se misturou o sangue, passou a ser conhecido como o Cálice Mortal. Embora, talvez, não passe de uma lenda, a verdade é que, ao longo dos anos, quando os exércitos de Caçadores de Sombras foram reduzidos, sempre era possível criar novos Caçadores de Sombras através do Cálice Mortal.

"Oh Kali, minha mãe cheia de bem-aventurança! Feiticeira do todo-poderoso Shiva, em vossa alegria delirante vós dançais, batendo vossas mãos. Vós sois a causadora de todas as causas, e nós não somos nada além de vossos brinquedos".

Demônios

Religiosamente definidos como habitantes do inferno, os servidores de Satã, para os propósitos da Clave (Caçadores de Sombras), são definidos como quaisquer espíritos malevolentes cuja origem se dê fora da própria dimensão habitacional.

O mundo está cheio daqueles seres heterogêneos descartados por uma filosofia mais sóbria. Fadas e duendes, espíritos e demônios, ainda andam por aí.

O Colégio dos Relatores

O Colégio dos Relatores é um órgão que integra a Congregação para a Causa dos Santos.
É composto por um oficial curial, o relator, que orienta inúmeros colaboradores. Podem ser historiadores, hagiógrafos, teólogos, filósofos que se dedicam a pesquisar a vida dos Servus Dei.
São eles que conduzem os longos processos de canonização, nos seu vários estágios.
Leem documentos, livros, consultam outros historiadores ou qualquer outra fonte fidedigna da época estudada, entrevistam familiares, amigos e qualquer outra pessoa que, por qualquer razão, tenha privado com o candidato.

"Quando os homens já não creem em Deus,
isso não se deve ao fato de já não acreditarem
em mais nada, mas sim ao fato de acreditarem
em tudo". (Relator Chefe).

Acobertamento dos Mistérios

A noite acoberta todos os mistérios, demônios e vilões. Até o frio se torna mais abespinhado e intrépido quando o sol abala, e arrepanha os ossos como se as trevas concedessem autorização a todos os furores e abrisse as portas da obscuridade.
O inferno anda a solta no céu noturno.

Palavras de Bertram.

Espionagem no Vaticano?

Com o Vaticano habitua-se sempre a uma coisa. Não há mitos. E se hoje o são é porque foram realidade algum dia.
Sodalitium Pianum são as organizações de espionagem e contra-espionagem da Santa Sé, mais conhecidas como A ENTIDADE.
Ouvira-se dizer que a Sadalitium Pianum, fundada no papado de Pio X, em 1907, acabara com Bento XV em 1922. A criação do monsenhor Umberto Benigni, na época para combater o modernismo, perdurara e se tornara num serviço de espionagem efetivo.

domingo, 16 de outubro de 2016

Palavras de Metraton

Sou o Deus implacável, o Deus das Escrituras, o terrível Deus do Jardim. O Deus que julga, que expulsa, que agride e nunca perdoa. Sou mais ódio que amor.
Quando você está em uma jornada e o objetivo vai ficando mais próximo, você percebe que o verdadeiro objetivo é a jornada. Não estou feliz em morrer.

O Oceano de Plasma

Hélios recordava um oceano de plasma, repleto de energias telúricas. De acordo com os malakins, essas energias se manifestam no plano físico através de quatro forças fundamentais da matéria, tais como a força nuclear e o eletromagnetismo.
Onde há uma interseção das correntes (um ''nódulo de poder'', na concepção dos atlantes), às vezes é possível acessar a energia telúrica pura, imaculada, carregada de misticismo, chamada de viril pelos hiperbóreos, e que nada mais é que a porção espiritual de Hélios, a fonte da vida, que tonifica e movimenta o planeta.
Já na superfície de Hélios, a temperatura chegava a estratosféricos cinco mil graus centígrados, o suficiente para cremar o cadáver dos deuses que era atirados ao Styx.

Yahweh Obcecado

Yahweh era obcecado pela perfeição. Primeiro, ele fez surgir os alados, com o único objetivo de servi-lo, de ajudá-lo na construção do universo. Por bilhões de anos vagaram pelo espaço infinito, criaram e destruíram galáxias, moldaram astros e nebulosas, até que aconteceu um milagre, e desse milagre surgiu o nosso planeta, um santuário único, especial, propício ao surgimento da vida. Chamado também de ''O Éden''.
A terra não é apenas um amontoado de rochas, fogo e oceanos, como são muitos corpos estelares. É um organismo vivo, pulsante, onde todas as partículas estão interligadas. Bem como a raça humana, o Éden sobreviveu aos sucessivos cataclismos por sua capacidade de se regenerar, de se adaptar e de responder aos perigos que o ameaçam.
Quando o primeiro homem se esclareceu, Deus julgou ter finalizado seu trabalho e passou o universo ao controle dos anjos. Os arcanjos governariam o céu, e os sentinelas regeriam a terra. Nessa empreitada era salvaguardar o planeta e seus habitantes, então, a fim de preservar o primeiro casal, Metraton construiu um santuário, onde certas regras, as quais chamou de mandamentos, deveriam ser respeitadas. Nem tudo deu certo. Lilith, a primeira mulher, rebelou-se e Metraton a expulsou.
Vingativa, ela denunciou a localização do paraíso terrestre ao arcanjo Lúcifer, que acusou Metraton de ir contra as inquestionáveis leis de Yahweh e de impedir que Adão, e depois Eva, a segunda mulher, exercessem o livre-arbítrio.
Lúcifer enviou o seu braço direito, Samael, que corrompeu os protegidos de Metraton, e assim capitulou, aceitou a derrota. Permitiu que o primeiro casal deixasse o Jardim do Éden, constituísse família, e adotou uma nova estratégia, mais singela.
Decidiu estudar a natureza dos homens sob um prisma mundano e passou a viver entre os homens. Teve filhos e os amou, até que Gabriel veio a Metraton, anunciando que destruiria a humanidade. Dessa vez, Metraton não se renderia. O que motivava Metraton não era só o amor a sua prole, mas todos os mortais. Metraton desafiou os primogênitos, então o Metre do Fogo devastou a aldeia de Metraton, carbonizou os seus rebentos, mas ele os enfrentou e sobreviveu, com um único pensamento de livrar o mundo da tirania.
Seguiu-se a era do gelo, que acabou por ser propícia aos sentinelas, no fim das contas. Batalharam (sentinelas) no sentido de resguardar os seres humanos e os sentinelas aproveitaram o período glacial para iniciar a campanha, percorrendo o globo, encontrando os nódulos energéticos, furando os poços e erguendo os obeliscos.
Os sentinelas foram sistematicamente caçados, mortos, mais o trabalho foi completado, com todos os monólitos concluídos.
O impacto do segundo cataclismo deslocou o eixo da Terra, e as trilhas energéticas ficaram desalinhadas. Só depois de 37.000 anos depois, que o planeta retornou a inclinação original.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Telúria, Antes do Dilúvio

Desde que surgiu sobre a face da Terra, a raça humana foi testemunha de quatro grandes catástrofes. No Paleolítico, a era do gelo esboçou-se como uma tentativa dos arcanjos, ainda velada, de exterminar a espécie mortal. Seguiu-se a ela o primeiro cataclismo, cujo objetivo era acabar não com os homens, mas com sentinelas, que os haviam ajudado a resistir a glaciação.
O segundo cataclismo, então, que só ocorreria séculos a frente, por volta de 35.000 antes de Cristo, seria caracterizado por terremotos tão fortes que reajustariam o planeta a disposição que permanece até hoje. E depois viria o dilúvio.
Entre a primeira e a segunda hecatombe, o continente americano era uma zona praticamente selvagem. No sul, o fabuloso Império Yamí controlava a maior parte da selva, e ao centro destacava-se o reino de Kuna, tendo como capital Aztlán, uma das "sete províncias do ouro''. Poucos eram aqueles, todavia, que se aventuravam além do equador.
Contava-se e a propósito era verdade que nesses setores viviam os remanescentes dos gigantescos répteis que dominaram o mundo durante o período jurássico. A América do Norte era então dividida em dois subcontinentes, separados por um mar estreito que daria origem a bacia hidrográfica dos Grandes Lagos americanos. O sul era conhecido como Hiwatha, e a parte superior, como Telúria, uma região ainda mais gelada que a Hiperbórea, castigada o ano inteiro por tempestades de neve e ventos cortantes.
O polo magnético, naqueles dias, não era o mesmo de agora, uma vez que a inclinação do globo era outra. De qualquer forma, era lá que ele ficava, no setentrião, entre cabos e geleiras infindáveis. O ponto exato de convergência das linhas energéticas e o obelisco que o marcava estavam, ocultos e muito bem preservados no interior de um enorme vulcão, extinto desde a era mesozoica.
De longe, o relevo e seus contornos faziam lembrar uma montanha solitária, o cimo encoberto de névoas, camuflando satisfatoriamente a cratera no topo. Dentro, graças ao solo fértil e as fontes termais, encontrava-se um vale florido.

domingo, 9 de outubro de 2016

Sudoeste Asiático, Antes do Dilúvio

O ano que se seguiu a invasão de Egnias entrou para a história como o mais sangrento registrado durante o longo período das Guerras Mediterrâneas, o milenar confronto entre Enoque e Atlântida. Quem então governava o país de Nod era Irad, Aquele a Quem Se Deve Temer, neto de Caim e bisneto de Adão, o mais impetuoso monarca a ocupar o trono da Bela Gigante.
Determinado a exterminar os atlantes, ele atacou diversas colônias espalhadas pelo continente e moveu seus barcos contra a ilha de Mu, obrigando Orion a convocar os regentes e a pedir auxílio da Cidade-Estado de Argos, que lhe ofereceu trinta naus e setenta e cinco galés.
Na primavera, uma batalha sem precedentes despejaria sangue, suor e cadáveres nas águas azuis do Corredor de Hércules, terminando com a vitória total dos Atlânticos, após nada menos que oito dias de combates em pleno mar arredio.

O Vale dos Condenados

O vale dos Condenados marcava o ponto de partida de qualquer espírito que decaía no inferno. Lá, os recém-chegados eram amontoados sobre infindáveis colinas cinzentas. Imobilizados por dores físicas e psicológicas, tinham suas entranhas devoradas por bestas híbridas, que pulavam de monte em monte, saboreando seus órgãos e as vezes os violentando sexualmente.
O processo, que podia durar dias, anos ou séculos, sugava toda a humanidade do novato, destruindo-lhe a alma e o transformando em um autêntico demônio desprovido de piedade ou remorso.
O vale era iluminado por pequenos nichos de fogo que brotavam ocasionalmente do chão. O Styx se apresentava mais largo e turbulento naquele trecho, mas suavizava-se adiante, próximo ao ancoradouro, uma plataforma construída com ossos e crânios, ao término de uma estrada que conduzia a caverna do diabo.
Os hashmains, apesar de cruéis, consideram-se benfeitores, instrumentos criados por Deus para corrigir os seres humanos. Os criminosos, na opinião deles, são os demônios, que trabalham para corromper os terrenos, não para recuperá-los.
Muitos daqueles que se contorciam no vale, tidos como irregeneráveis, haviam sido despachados por ela ou por algum de seus colegas a partir da Gehenna.

O Que Diferencia O Sheol Da Gehenna?

Na Gehenna, apesar das torturas, do sofrimento e da aflição, ainda havia esperança, ainda existia uma frágil promessa de redenção para aqueles que se humilhassem, para homens e mulheres que suportassem os tormentos. No inferno, não.
Quem caía as trevas do abismo estava eternamente condenado, não tinha saída, e essa era sua verdadeira face, o verdadeiro significado do inferno, mais triste que os atos de felonia, mais cruel que qualquer batalha e contenda.

O Sheol, Orcus

O Sheol é, desde a queda de Lúcifer, dividido em nove reinos, governado por nove duques satânicos. Dentro desses reinos há incontáveis territórios, chamados “províncias”, controlados por barões ou baronesas. Há províncias de vários tamanhos e senhores igualmente distintos. Uns são anjos caídos, outros lilins, alguns são antigos deuses pagãos que aderiram as fileiras abismais, e há ainda os que nasceram como seres humanos e, após falecidos, galgaram seu posto.
Orcus, que respondia diretamente ao obeso duque Mammon, era reconhecido como o senhor dos mortos, daí seus súditos se parecerem com cadáveres ambulantes. Seu rosto era essencialmente humano, mas o nariz imitava o dos porcos e as pernas também tinham características suínas, como pelos marrons e cascos flamejantes. Os chifres eram de carneiro, a cauda lembrava a dos ratos, e o abdome, roliço, fazia jus à sua alcunha: o Gordo.
Com quase três metros de altura, esse gigante monstruoso exibia uma pentagrama na testa, um símbolo associado aos bruxos, aos feiticeiros e a magia negra. Cultuado como um deus pelos etruscos, depois pelos romanos.
Orcus exigia sacrifícios de seus adoradores, ele dizia melhor, se os sacrificados fossem crianças. Na mão esquerda portava um cetro e na direita agitava uma mangual.
Diferentemente do paraíso, o inferno recebe milhões de almas a cada dia, e os confrontos servem para eliminar os mais fracos, promover os mais fortes, tornando-os ainda mais competentes.
Essa disputa vil, cruel e desonrosa é cotidiana para os novatos e se estende aos senhores mais velhos, com todos trabalhando para superar seus rivais, conquistar mais poder, usurpar os vizinhos, roubar seus domínios. Em um lugar onde os concorrentes são imortais, é preciso abrir caminho à força, por meio de intrigas, escaramuças, traições e todo tipo de recursos disponíveis.
O que mais transbordava no inferno, não era o ódio, o desespero ou a angústia, era a solidão. Superlotado de espíritos maléficos, não havia, entre duques, escravos e barões, em quem confiar um momento de crise, o que só os tornava a cada dia mais vis.

Os Elohins

Os elohins se estabeleceram na Haled após a era do gelo, para ocupar os postos deixados pelos sentinelas junto as nações humanas. Diferentemente deles, porém, eles nunca contrariaram as ordens do céu, e nem toda essa devoção os pouparam do dilúvio ou impediu que os reinos e os povos que governavam fossem devastados pela inundação.
Depois da catástrofe, se tornaram autônomos, passaram a se esconder entre os homens e a influenciá-los discretamente, não mais sobre tronos ou púlpitos. Hoje agem de forma independente, e os arcanjos só os toleram porque não sabem como e onde se encontram.
Se eles um dia resolverem os destruir, seja por qual for o motivo, é importante que tenham uma garantia. A lança de Nod é a arma mais poderosa de que se tem notícia e serviria como a bomba atômica serve aos mortais, como uma precaução que traria as fronteiras.

Que Sentido Tem A Sua Própria Existência?

Existe uma razão para que o homem não se lembre claramente do momento em que veio a terra, é para que não se lembre, também, do que existe antes disso. É preciso gozar a vida com certo sabor de mistério, e o que eu lhe digo não é só poesia.
Imagine-se sabendo de tudo, conhecendo tudo, ciente de todos os segredos universais. Que sentido teria uma existência como essa? Que busca alguém assim poderia almejar? Esse princípio é aplicável aos mortais, bem como aos alados e aos deuses, inclusive. Supõe-se que os arcanjos saibam de tudo. Mas segundo uns fragmentos encontrados dos Malakins dizem que eles não sabem.

Etéreo Profundo, 35.000 a.C.

O Arcanjo Rafael não era um líder nos moldes tradicionais. Diferentemente de Miguel, ele acreditava que governar não significava espalhar-se em um trono, muito menos comandar legiões ou exércitos. Desde que Yahweh adormecera, o Quinto Arcanjo estava comprometido com a salvação da humanidade e não visitava os irmãos fazia alguns séculos.
O Quinto Arcanjo se reunia as vezes com seus generais na gênese, isto é, no centro do universo. Fulgiston, o estouro que deu origem as dimensões. E também a essa dimensão chamada gênese, existem quase nada referente e concreta sobre essa dimensão.
O etéreo profundo corresponde a certas regiões do plano etéreo que estão, por assim dizer, ocultas e devidamente lacradas. O ingresso só pode ser feito por meio de trilhas específicas ou mediante certos critérios. Uma vez estabelecidos esses critérios, as normas não podem ser alteradas.

“Só os justos alcançam os Campos Elísios,
e o nome de seu portão é Esperança”.

Etéreo Profundo, O Hades

Sob a crosta do planeta, na mais profunda camada do plano etéreo, há uma região que os antigos chamavam de Estígia, e que os celestes conhecem como Hades.
O Hades é um mistério aos que o estudam. Segundo os malakins, ele teria surgido espontaneamente, como um bolsão em volta do abismo de Lethe, o poço que conduz ao centro da terra, ao “sol interior”, como alguns o chamam, batizado pelos gregos de Hélios.
Os principais braços do Styx convergem, quase todos, para esse imenso buraco, não à toa os deuses, quando mortos, eram entregues a suas águas, para ser, então, cremados nas fornalhas do mundo.
Com o passar dos anos, o Hades se tornou, também, uma espécie de prisão para os heréticos. Nos tempos mitológicos, o hábito de copular com os seres humanos não era exclusivo dos aesires, nem de Odin, que gerou Siegfried. Os olimpianos, supremos ídolos da Grécia, partilhavam do mesmo costume. Zeus, o chefe do panteão, tivera vários filhos carnais, outrora denominados heróis, ou semideuses.
Alguns, como Héracles, Perseu e Helena, caíram nas graças do pai, enquanto outros se insurgiam contra ele. Esse foi o caso de Minos, o tirânico rei de Creta, e de seu irmão, Radamanthys, tido como o maior guerreiro humano que já existiu. Por volta de 2300 antes de Cristo, em plena era mítica, os dois influenciados pelo ódio que a mãe nutria por Zeus, reuniram um exército de quinhentos mil soldados de elite, os famosos mirmidões, e marcharam contra o monte Olimpo. Derrotados, foram confinados ao Hades e lá se encontram até hoje, adormecidos em seus templos, descansando em seus mausoléus de granito.
O maior desejo de Minos sempre foi conquistar um lugar entre os deuses. Zeus lhe dera um escudo mágico, mas nem isso aplacou sua fúria, de modo que, uma vez derrotado, seu castigo foi perpétuo. Impedidos de deixar a Estígia, o monarca cretense, seu irmão e os mirmidões construíram uma necrópole no Hades e sob seus jazidos aguardam, quietos, deitados, uma nova chance de mover suas tropas.

Orion e Os Elohins

O mundo dos homens é feito de escolhas, o que o torna tão confuso aos anjos do céu. Como governante de uma grande nação, Orion, e os elohins em geral, conhecia bem essas contradições e sabia dosá-las com sabedoria e bom senso, diferentemente da maioria dos celestes recém-chegados a terra.
Na Haled, nada é perfeitamente claro ou perfeitamente escuro, como se sucede em outros planos de existência. Aqui, a dualidade está presente em tudo, e são dois aspectos que se completam, não há dia sem noite, vida sem morte ou bem sem mal. Com frequência, portanto, aqueles que caminham sobre o planeta são forçados a tomar decisões, às vezes críticas, e agir com astúcia para distinguir o certo do errado.
O próprio Orion foi apresentado a um impasse. Decisões erradas, injustas, podem, sim, nos levar a vitória, a imediata superação de um adversário ou problema, mas sempre acarretam consequências, geralmente nefastas, aqueles que se entregam a elas.

Kha, O Faraó. Kha, O Sentinela. Kha, O Sol

Deuses e homens sempre tiveram uma relação psicótica. De acordo com as religiões mais antigas, especialmente aquelas ditas “pagãs”, as verdadeiras divindades moram em áreas ou planos inacessíveis aos entes terrenos.
Talvez por isso, Kha, que se considerava um deus genuíno, tenha decidido construir seu santuário no ponto mais ermo do reino, afastado quilômetros da civilização e ao menos uma semana do oásis mais próximo.
Hut-Kha era cercado por uma planície de areia fina, que atrasava o forasteiro com seu solo macio, ferindo a sola e prejudicando o avanço. No auge do verão, a temperatura chegava a insuportáveis sessenta graus centígrados, e a partir de certa altura o sol nunca se punha.
Esse estranho fenômeno, apelidado de Alvorecer Permanente, não era gerado por forças naturais, mas pelos “sagrados” poderes de Kha, ou mais precisamente, pelas radiações da sua aura pulsante.
A Montanha Solar era com efeito uma imensa pirâmide calcária, projetada com ângulos retos, a fachada triangular, muito parecida com as estruturas que sobrevivem até hoje em Gizé. Diferentemente das atuais pirâmides do Egito, entretanto, Hut-Kha se destacava pelo revestimento de ouro, sendo impossível aos mortais encará-lo a olho nu.
Sua base somava quatrocentos metros quadrados, e do chão ao pináculo eram exatamente trezentos e cinquenta metros de altura, mais que o dobro da famosa pirâmide de Quéops. O acesso a suas câmaras se dava através de uma escadaria na face leste, e a entrada, retangular e sem portas, ficava no topo desses intermináveis degraus, a uns cento e cinquenta metros a partir do deserto.

A Civilização Ocidental

Hoje, há certo consenso em afirmar que a civilização ocidental nasceu nos charcos da Mesopotâmia e que o primeiro grande império foi o egípcio. Há registros de faraós reinando desde o fim do Neolítico, quando uma suposta guerra unificou a região e permitiu que a sociedade enfim prosperasse. Há outros motivos, no entanto, que contribuíram para seu crescimento. O território que após o dilúvio seria chamado de Egito floresceu a partir das ruínas de uma nação anterior, Sakha, que como muitas seria destruída pelas catástrofes e inundações subsequentes.
Nos tempos em que Ablon e Ishtar esquadrinhavam o planeta (por volta de 35.000 a.C.), Sakha atingia o apogeu. Formado por colinas e desertos infindáveis, o país tinha a população reduzida e um exército pequeno, mas era governado por Kha, o último dos sentinelas que ainda se apresentava abertamente ao mundo. Batizado por seus seguidores de “o Sol”, Kha morava isolado em seu templo, Hut-kha, a Montanha Solar, afastado de tudo e de todos, mas sua aura podia ser sentida por qualquer um que cruzasse a fronteira.
Kha não precisava se esconder, pois tinha vencido, um por um, todos os celestiais que o arcanjo Miguel enviara contra ele, incluindo Orion, a Estrela de Prata, que chegara a desafiá-lo antes de assumir o trono de Atlântida. O Rei Ungido nunca revelara os pormenores desse combate, limitando-se a afirmar, quando indagado, que o Terceiro Pilar não podia ser derrubado sem provocar consequências irreversíveis ao bem-estar “de seu próprio povo”.
Situada no que atualmente é o nordeste da África, Sakha era delimitada, ao sul, pelas estepes de Nod. Os monarca de Enoque, embora expansionistas, nunca chegaram a considerar uma invasão, pois não havia, naquelas bandas, nada realmente que lhes interessasse. O Nilo então não existia, tendo se formado milênios a frente, como resultado de um terremoto que reajustaria a terra durante o segundo cataclismo.
Sakha era, portanto, um reino de vegetação árida e campos estéreis, que contava apenas com três cidades: Tukh, a capital, Jedala, que servia como porto ao mar interior, e Sem-Zar, fronteiriça ao império de Nod. Outra localidade importante era, obviamente Hut-Kha. No solstício de inverno, os sacerdotes organizavam peregrinações até a Montanha Solar, para uma semana de ritos e cerimônias em homenagem ao Senhor do Universo, como Kha também era conhecido.
O mês de janeiro era a única época em que o templo ficava acessível. No resto do ano o calor era tanto e a travessia tão longa que nenhum homem suportaria o percurso, sozinho ou em grupo. Mesmo assim, e, talvez, especialmente por isso, os habitantes de Sakha eram leais a seu “deus”, a entidade que, segundo acreditavam, lhes fornecia o sustento. Ao contrário de Muzhda, Kha não lhes exigia sacrifícios, apenas obediência e devoção. De acordo com suas normas, o fiel deveria visitar a Montanha Solar ao menos uma vez a cada dez anos e rezar três vezes ao dia, demonstrando completa submissão a seus dogmas. Quem não cumprisse tais mandamentos amanhecia com o corpo queimado, e, dependendo da transgressão, alguns eram carbonizados a luz do dia, sofrendo uma espécie de combustão espontânea.
Embora não contasse, aquela época, com rotas fluviais ou marítimas, Sakha possuía oásis abundantes, e sobre o maior deles fora construída Tukh, a Cidade de Argila. O nome era uma alusão a seus prédios e zigurates, erigidos em pedra calcária, dando vida a uma paisagem de aspecto arenoso, bege e acastanhado.
Desde tempos imemoriais, o poço fora canalizado, e suas águas alimentavam as colheitas em um raio de cinquenta quilômetros além das muralhas, fornecendo irrigação as fazendas de trigo e cevada, aos campos de oliveiras, aos pomares, as figueiras e a criação pecuária. Esses canais convergiam para um reservatório central, no coração da metrópole, que funcionavam como porto as canoas, as jangadas, e aos pequenos barcos. De lá se enxergavam a cidadela, cercada por palmeiras e fossos, os palácios teocráticos e o templo urbano de Neph-Kha, uma pirâmide em degraus administrada pelos “sacerdotes solares”.
Os distritos reservados a gente comum tinham casas de dois andares, com pátio central amplos terraços. As ruas eram estreitas e curtas, um verdadeiro labirinto ao ar livre. No bairro mais ao sul, o “setor dos estrangeiros”, localizavam-se os albergues e as estalagens destinados aos viajantes.

O País dos Arianos

Dos muitos povos que habitaram a terra no período anterior ao dilúvio, talvez os mais notáveis tenham sido os arianos. De natureza ordeira e pacífica, interessados tanto pela religião quanto pela ciência e adeptos da doutrina do carma, suas obras, ensaios e pensamentos foram gravados em pedra, tendo resistido as catástrofes que destruíram, mais tarde, os todo-poderosos reinos de Enoque e Atlântida.
O país dos arianos era chamado de Arya e na época compreendia o atual território da Índia, a região de Bengala, a cordilheira dos Himalaias e o oeste da China, considerando que grande parte do norte chinês era então cortado pelo mar de Tétis, que separava o resto da Ásia.
Arya não constituía um império coeso. Era formada, na verdade, por uma série de províncias e pequenos estados unidos por semelhanças étnicas. Os arianos era homens comuns, mas muitos de seus antepassados tinham se miscigenado com os atlantes, enquanto outros buscaram seus pares entre os vizinhos da Lemúria, famosos por suas habilidades mentais.
O resultado dessa combinação racial era uma sociedade muito rica culturalmente, receptiva aos estrangeiros e adversa a violência, o que a conservava praticamente incólume as guerras que devastavam o planeta.
Arya contava com dois portos principais: Kosala, no lado ocidental, virado para Shadair. E Samudra, na face oriental, mais ou menos onde hoje se encontra a cidade de Calcutá, então colada ao oceano.
As montanhas Tay-Pin delimitavam a fronteira de Arya com o Extremo Oriente e eram uma das mais estonteantes belezas naturais que o mundo antigo já vira. Circulada pelo rio Lon, protegida por encostas íngremes e precipícios inacessíveis, a cadeia rochosa escondia no topo um altiplano florido, com inúmeros cursos d’água, cataratas e poços cristalinos. O solo era fértil, os verões amenos e os invernos agradáveis, com colheitas muito fartas e caça abundante.
No coração desse santuário, quase seiscentas famílias viviam isoladas, tirando o sustento da terra e praticando a religião diariamente. O nome do “deus” a quem eles prestavam louvores era Muzhda, o segundo dos Três Pilares, o Colosso de Ferro, como era conhecido no leste.

As Sete Castas

Quando Deus criou os anjos, no princípio do segundo dia, ele os organizou em sete castas, cada qual com sua função no universo. Dentro das ordens, porém, há categorias, ou grupos, ainda mais específicos, os quais os celestes chamam de estirpes.
Os shedus, por exemplo, são também querubins, contudo possuem temperamento mais agressivo e são menos racionais que os legionários comuns, o que faz deles “cães de caça” perfeitos.
Da mesma forma, a casta dos serafins, supostamente a mais nobre, possui suas próprias estirpes. Os serafins são estadistas por natureza, obcecados pelo controle e pela perfeição. Alguns são burocratas, emprestando seus dons a política, outros, os comodoros, rivalizam com os generais querubins, elaborando minuciosos planos de guerra, e há aqueles que s dedicam a preservar a integridade do cosmo, percorrendo as galáxias e trabalhando para mantê-las coesas, evitando assim que o espaço se desfaça e seja engolido pela entropia.
No passado, essa linhagem de serafins, que se autodenominam suryas, trabalhou com os ishins na construção dos planetas e dos corpos celestes. Os ishins fabricavam os sistemas solares, e os suryas eram e ainda são responsáveis por monitorar suas órbitas, por garantir que as constelações continuem a girar em perfeita harmonia.
Enquanto os shedus se diferenciam dos outros querubins pelo aspecto animalesco, os suryas se destacam dos demais serafins por possuir dois pares de braços e três pares de asas. Sua pele é normalmente, porém não sempre, preta como carvão, negra como o espaço que os cerca. Tão formidáveis, tão belos eram esses seres que causaria espanto a qualquer um vê-los em situação humilhante.

Os Deuses Primevos

Deus não criou o universo do nada. Há bilhões de anos, antes da feitura da luz, Yahweh e os cinco arcanjos travaram uma guerra pelo domínio do cosmo. Contra eles estavam outros deuses, os deuses do caos, os deuses primevos, liderados por uma entidade chamada Tehom.
Derrotados, Tehom e seus agentes, a saber: Behemot, Leviatã, Tanin, Enuma e Taurt; foram mortos, e seus herdeiros, banidos. Mas fracos que seus antepassados, esses monstros órfãos não encontraram lugar na criação, e o que lhes restou foram as dimensões paralelas.
Conta-se que até hoje eles singram o espaço, percorrem as estrelas, aguardando uma chance para regressar ao contínuo. Os anjos, por sua vez, foram concebidos depois, no segundo dia, com o princípio da claridade.
Destacados para, entre outras coisas, fazer a ponte entre o céu e a terra, quase todos escolheram as formas bípedes, o que facilitaria a interação com os mortais. Ora, os netos de Tehom nunca tiveram essa função e, como seria lógico imaginar, nada tem de humano.
São abominações, no exato sentido do termo, bestas cujo tamanho e aspecto não se assemelham a nada que existe, existiu ou existirá neste planeta.
Desde que o homem surgiu na face da terra, sua mente é um enigma que intriga os alados. Sabe-se, contudo, que ela funciona por associação, usando as experiências passadas para compreender as ocorrências futuras. Quando uma pessoa se depara com o inexplicável, o cérebro sofre um colapso, levando o indivíduo a reações destoantes.

A Arca da Aliança

O objeto que a Bíblia chama de arca não é fruto da engenharia humana, mas da sapiência celeste. Sua estrutura foi projetada por Shekhinah, a Presença de Deus, o maior dos elohins, enviado a Haled com Orion após a era do gelo, para organizar a caçada aos sentinelas e removê-los de seus antigos postos.
Os elohins são exímios construtores, e o aparato foi desenhado para captar e transmitir ondas cósmicas. Dessa forma, Shekhinah podia falar diretamente com os arcanjos, sem deixar o plano físico.

Inanna, Filha dasTrevas

Inanna, Filha das Trevas, uma das Lilins. Muitos as veem como monstros, mas a verdade é que são tão versáteis quanto os seres humanos. Os Lilins, eram os rebentos de Lilith, a primeira mulher de Adão, que fora expulsa do Jardim do Éden por não se submeter as leis de Metraton.
Lilith, após seu exílio, fora se refugiar as margens do mar Vermelho, onde copulara com algumas centenas de seres humanos, dando a luz entes híbridos. Os lilins eram tidos como demônios e perseguidos pela maioria das sociedades terrenas, daí a necessidade de caminharem escondidos, não revelando a ninguém sua origem, a não ser, claro, a outros seres fantásticos.

A História Original (Contada por Orion)

Os arcanjos são seres excelsos, supremos defensores da humanidade. Em certo ponto, eles congelaram o planeta, com o objetivo de tornar os mortais ainda mais fortes, de forçar sua evolução. Os sentinelas se amotinaram, pois tinham gerado filhos e filhas entre os homens e não queriam perde-los, não estavam dispostos a fazer um sacrifício pelo bem maior. Miguel os removeu de seus cargos e mandou que nós, elohins, os assumíssemos.
Começou a perseguição a Metraton e seus acólitos, e eu mesmo (Orion) capturei alguns deles, com minhas próprias mãos. Os que não quiseram se render foram mortos, mas muitos escaparam, o que obrigou os primogênitos a arquitetar o cataclismo. Depois houve também o dilúvio, o terceiro cataclismo. Os terrenos pagaram o preço, muitas pessoas morreram, mas finalmente quase todos os sentinelas foram destruídos. Desde então, Metraton desapareceu.
A glaciação não tivera como meta “tornar os mortais ainda mais fortes”, e sim dizimá-los”. E, não fosse pela intervenção dos sentinelas, hoje não haveria mais seres humanos na Terra. Sabe-se da existência de seis sentinelas remanescentes. Três deles passaram a clandestinidade, incluindo Metatron. Os outros três continuam no comando de suas terras. São denominados de “Os Três Pilares”, porque nenhum anjo, espírito ou homem até agora conseguiu derrubá-los, nem os querubins enviados por Miguel, nem o cataclismo, nem os elohins que deveriam substituí-los. Tão fortes e confiantes eles se tornaram, que o poder os enlouqueceu.
Hoje eles se consideram deuses. Um deles é Kali, a Devoradora, um monstro de crueldade e sadismo que vive nas selvas ao sul de Gondwana, uma região inóspita, tropical e perigosa. O outro é Muzhda, o Colosso de Ferro, um ser ainda adorado nas montanhas de Arya, e o Terceiro é Kha, alcunhado por seus seguidores de “o Sol”, governante do vasto império desértico de Sakha.
Entenda agora a aflição dos arcanjos. É uma vergonha para os celestes que esses três amotinados ainda reinem abertamente e sem punição.

O Rei Ungido de Atlântida

Cidade de Atlântida, cerca de 35.000 a.C.

Outros tempos inigualáveis.
Quem hoje explora as ruías do mundo, quem visita o Taj Mahal, a Grande Muralha da China, a cidade de Chichén Itzá ou mesmo as pirâmides de Gizé não imagina que esses monumentos são retratos, reflexos miúdos de uma era perdida.
Em um passado longínquo, permanentemente apagados do registro da história, uma certa raça de primatas, os eridais, espalhou-se pelo globo terrestre. O evento, mais tarde chamado de Grande Migração, propiciou o surgimento da espécie humana e sua divisão em três ramos: os homens, mais versáteis, os neandertais, mais fortes, e os atlantes, mais refinados.
Por quase duzentos mil anos, antes dos egípcios, antes dos sumérios, antes do babilônicos, nosso planeta viveu um período de glória e opulência inimagináveis, cujos reinos, impérios e sociedades seriam devastados pelas catástrofes subsequentes, pelos terremotos, pela erupção dos vulcões e enfim pelo grande dilúvio.
Naqueles dias antigos, o poder estava concentrado em duas cidades-estado. Uma delas era Enoque, a Bela Gigante, a pátria dos homens, fundada por Caim, filho de Adão, e a outra era Atlântida, a Joia do Mar, regida por Orion, a Estrela de Prata. Muito antes disso, quem governava a terra era Metraton e seus sentinelas, mas eles foram banidos por se recusarem a ajudar os arcanjos na tarefa de exterminar a humanidade, durante a era do gelo.
Como se não bastasse, deram abrigo aos mortais, permitindo que eles sobrevivessem a glaciação, e por tais crimes foram caçados. Seguiu-se ao degelo o primeiro cataclismo, e nesse ínterim muitos sentinelas acabaram mortos ou capturados. Seus postos nas nações terrenas foram ocupados pelos elohins, anjos devotos ao príncipe Miguel.
Orion, o Rei Ungido de Atlântida, era um desses agentes, condecorado nas alturas e extremamente fiel aos primogênitos celestes. Enoque, ou Nod, como se chamavam o Oriente Médio e arredores, e Atlântida não eram apenas países, eram potências expansionistas e, como seria de esperar, tornaram-se rivais.
Enquanto a segunda, sob o ministério de Orion, cultuava os arcanjos, a primeira não se submetia a vontade dos alados ou de qualquer criatura oriunda dos céus. Os atritos entre esses dois magníficos impérios terminariam por leva-los a guerra, as Guerras Mediterrâneas, como foram nomeadas, resultando em uma série de campanhas militares, escaramuças e contendas políticas que persistiram por séculos.
Mas enquanto homens (ou melhor, enoquianos) e atlantes guerreavam, a preocupação no paraíso era outra. Os arcanjos temiam, ainda, uma insurreição dos sentinelas, já que alguns deles, incluindo seu líder, Metraton, continuavam a solta. Para acabar de vez com o problema, eles enviaram a Haled o arcanjo Gabriel, mas ele falhou na tentativa de prender o Rei dos Homens sobre a Terra.
Naqueles tempos, a Joia do Mar, vivia seu esplendor. A cidade-estado fora erguida sobre uma ilha redonda, a Ilha de Um, pois não há defesa mais eficiente que o mar. Uma muralha de quarenta metros de altura a cercava, e para alcançar a fortaleza central era necessário transpor três anéis paralelos de água, todos protegidos por muros e cortados por quatro canais, a norte, sul, leste e oeste, como enorme avenidas marinhas que seguiam até o coração da metrópole.
Ao passo que a cidadela era reservada aos membros da corte, aos nobres e diplomatas, a primeira faixa de terra (de dentro para fora) estava ocupada por prédios religiosos e santuários de adoração aos heróis mortos nas Guerras Mediterrâneas.
Na segunda faixa de terra ficavam o setor militar, os quartéis e os campos de treinamento, e na terceira multiplicavam-se os armazéns, as estalagens, os banhos públicos e os portos onde os navios atracavam. Conta-se que os gregos, ainda no período mítico, chegaram a encontrar resquícios dos edifícios atlânticos, tendo-os copiado, daí a antiga capital projetada por Orion parecer, se vista por olhos modernos, uma grandiosa acrópole, com suas descomunais colunas cilíndricas, templos branquíssimos, aquedutos, praças, torres de guarda e monumentos de proporções colossais.

Os Anjos Sonham?

Os anjos não sonham. Nunca sonharam. Pelo menos, não como os seres humanos. Isso é tido como um fato, uma verdade inquestionável, embora ninguém, até hoje, tenha descoberto o motivo.
Os malakins, a casta que estuda os fenômenos do cosmo, acreditam que os mortais são criaturas únicas, a sua maneira, por possuírem alma, e que é justamente ela, a alma, que lhes permite explorar a chamada zona onírica, uma região entre os planos astral e o etéreo que esconde mistérios antigos, supostamente indecifráveis.

Idavöll

Além do Oceanus, considerado um estrada cósmica partilhada por diversas culturas, o reino de Asgard é cortado por dois grandes rios. O Ífingir nasce nas montanhas ao sul do Valhala e desce até as fronteiras de Álfheim, a antiga pátria dos elfos.
Já o Gjöll começa nas grutas geladas a oeste de Jötunheimr, o país dos gigantes, escorre pelos galhos da Yggdrasil e serpenteia através das planícies de Iôa, enfim despencando para o vazio do Ginnungagap, o “furo cósmico” no espaço e no tempo que conecta os nove reinos nórdicos ao restante do universo conhecido.
Quase chegando ao abismo, o Gjöll se ramifica em dois braços, e no centro deles emerge uma porção de terra seca, sobre a qual se sustenta Iôavöllr, a Fortaleza Solitária. O edifício, construído pelos anões como um presente a Odin, foi projetado com o objetivo de guardar a Ponte Bifrost.

Hinduísmo

Das centenas de religiões existentes na terra, o hinduísmo é apontado como uma das tradições mais antigas. Remontando aos tempos da Idade do Ferro, conta com um panteão numeroso, repleto de heróis, demônios, espíritos e personagens lendários. A mais carismática dessas figuras parece ser Ganesha, o deus com cabeça de elefante, um dos filhos de Shiva.
Imagens dessa entidade, tão querida pelos indianos, são encontradas nas casas, na porta dos templos, na entrada das lojas, em papéis de carta e em convites de casamento. Ganesha, Aquele que Remove Obstáculos, é sobretudo o senhor das coisas novas, do sucesso e da prosperidade, sendo ainda um amigo leal, muito amável e afetuoso.
Entre os meses de agosto e setembro, toda a Índia fervilha com o Ganesha Chaturthi, um festival de dez dias cujo centro das comemorações é a cidade de Mimbai, localizada as margens do mar Arábico. Durante esse período, os parques e ruas ficam lotados, as pensões, hotéis e restaurantes, completamente tomados de peregrinos.

Nos Portões de Valhala

Asgard

O universo como o conhecemos foi criado por Deus no segundo dia, resultado de uma grande explosão batizada pelos alados de fulgiston. O espaço então se expandiu em movimentos de onda, como uma toalha empurrada sobre a mesa, produzindo dobraduras ou ‘vincos’ na matéria cósmica.
Sempre que ocorria uma distorção, quando a “onda’’ era forte demais, a crista se fechava no topo, gerando algo semelhante a um "bolsão", e foi assim que surgiram as dimensões paralelas, esferas magneticamente lacradas, algumas muito extensas, com numerosas camadas e níveis, outras minúsculas, desertas e frias.
Quase a totalidade das dimensões paralelas conta com algum meio de entrada e saída, um “furo’’ que as liga ao universo comum. No caso de Asgard, a conexão era feita através de Bifrost, a Ponte do Arco-Íris, um vórtice que se abria a terra, por onde, no passado, os deuses desciam para inspirar os soldados, escutar suas preces e buscar a alma dos guerreiros mortos.
Desde os tempos antigos, o reino de Asgard fora escolhido como refúgio pelos espíritos nórdicos, sendo primeiro descoberto por Odin, o Pai de Todos, então líder do panteão, e depois invadido por elfos, anões e gigantes. Se realmente fosse possível sistematiza-los, os nove reinos poderiam ser descritos como gigantescas ilhas de rocha e minério. Essas ilhas, que abrigam florestas, cidades e lagos, flutuam sobre uma grossa camada de nuvens, e o que existe abaixo delas é o Ginnungagap, ou seja, abismo primordial, uma anomalia no espaço e no tempo talvez comparável ao que os cientistas terrestres chamariam de “buraco negro”.
Sob as ilhas flutuantes nascem enormes raízes, como os troncos de 
um imenso carvalho, e são essas raízes, nomeadas de Yggdrasil, que mantêm os nove reinos unidos, impedindo que se afastem. Os galhos servem, ainda, de pontes para quem deseja passar de um domínio a outro, sendo em alguns trechos seguros, e em outros perigosíssimos.
Quem porventura cair de uma das ilhas, ou escorregar em direção ao vazio, pode ter a sorte de ficar preso nos ramos inferiores da Yggdrasil, ou o azar de despencar para as infinitas trevas do Ginnungagap, de onde ninguém mais retornou.

O Fruto Proibido

Mesopotâmia, em um passado remoto.

Após a visita de Samael, Metraton tomou a decisão de selar seus domínios, estabelecendo que nenhum dos celestes, a exceção dele próprio, poderia cruzar os sete portões. Mas Samael era teimoso e pediu a seu amo, Lúcifer, que lhe ensinasse a arte da transmutação. Disfarçado então de serpente, ele se esgueirou por baixo das grades que cercavam o jardim e conseguiu penetrá-lo.
Rastejou por dois dias através dos rincões até encontrar uma macieira robusta, carregada de pomos vermelhos, e se enroscou confortavelmente em seu tronco. Pendurado em um dos galhos o anjo esperou, aguardou com a maior paciência. Numa tarde, avistou uma moça desnuda, correndo feliz sobre os campos floridos. Os raios solares desciam enviesados quando a jovem Eva se deparou com a macieira em questão, ela coletava víveres para o jantar e nunca contemplara iguarias tão frescas, aparentemente tão suculentas.
Mas, ao se aproximar do terreno, notou que o canto das aves cessara. Ora, os bichos não sabiam que a serpente era Samael travestido, mas uma cobra é ainda assim um animal perigoso. Eva também farejou a ameaça, sentiu o alerta do coração, mas as maçãs lhe pareciam tão belas que julgou que valia a pena correr o risco.
Uma nuvem cinzenta os encobriu no instante que Eva se adiantou. Curiosa, ela olhou para o réptil, um ser que até então desconhecia, já que Metraton não deixava entrar predadores naquele extremo do Éden. Depois se retraiu, temerosa. Não se assunte, ó filha dos homens -- disse a criatura numa voz sibilante.
-- Chegue mais perto e tome esta maçã como presente.
Quem é você? ela perguntou desconfiada quanto maravilhada. O animal era diferente de todos os outros. Suas escamas coriscavam ao reflexo da luz, passando do castanho ao dourado conforme o movimento da cauda. -- Qual é o seu nome?
-- Sou um anjo -- respondeu a víbora. E o meu nome é Samael.
-- Um anjo? -- O que é um anjo?
Um mensageiro. Um emissário de Deus.
-- Quem é Deus?
-- Seu pai nunca lhe contou? -- Não.
Ah, então não serei eu a contar, o serafim jogou a isca, e a moça a fisgou. O que mais o alegrava era corromper as pessoas, e Eva era a inocência encarnada. 
Nós, os anjos, somos entidades místicas, dotadas de poderes extraordinários. Somos os regentes do céu e da terra, dos animais e dos homens. Neste ponto, a jovem estava completamente seduzida. Ela sentia o apetite crescer, não pelas maçãs, é claro, mas por alguma coisa que anos mais tarde chamaria de ''conhecimento''.
-- Não é Adão o primeiro homem, e eu a única mulher?
Se assim fosse, de onde você teria nascido? -- A cobra gargalhou, e Eva experimentou a vergonha pela primeira vez. Existem outros homens e outras mulheres no exterior do jardim, bem como belezas naturais infinitas. A oeste há um lago tão extenso que não se pode enxergar o fim, e ao sul a paisagem termina em morros altíssimos, muito maiores que duzentas árvores sobrepostas.
Se existem mais como nós, porque o meu pai não nos disse? -- A moça tomou as palavras como insulto, mas não conseguia se desvencilhar, não conseguia ir embora e deixar a cobra falando sozinha. -- Não acredito em você, criatura rastejante.
Ó criança, há quanto tempo o senhor a tem enganado? Pois nem mesmo neste santuário você foi a primeira. Houve antes outra mulher, uma que se deitou com Adão, fez amor com ele e depois se esvaiu. Pergunte a seu pai sobre Lilith. Não se esqueça do nome. Mas não culpe o seu pobre marido, pois ele não se recorda dos fatos. Foi o Senhor que lhe apagou a memória. Porque o Senhor os quer manter presos e confinados, como formigas na palma da mão.
-- O tom ficou mais agressivo, não contra ela, mas a favor dela, acusando Metraton. -- Para privá-los da liberdade.
A liberdade é a capacidade de escolher o próprio destino, ter a chance de escolher o próprio destino, ter a chance de decidir entre o bem e o mal antes que a morte os alcance, pois já vira animais sendo caçados, mas nunca pensara que conceitos como finitude, esquecimento e ausência, bem e mal, antes que a morte os alcance. 
Morte? – Eva tinha uma vaga noção do que era a morte, pois já vira animais sendo caçados, mas nunca pensara que conceitos como finitude, esquecimento e ausência se aplicariam a ela algum dia. O que é a morte? O que ela representa para mim? 
Separação deste mundo. A cobra assumiu um tom sério, e Eva reparou que suas lições eram mais envolventes que as do Senhor. Metraton não dialogava com eles, apenas lhes ditava normas. 
O seu pai construiu este refúgio para torna-los imortais, mas ao preço da castração, fazendo estéreis e dóceis, obedientes e inférteis, e por consequência privando-os do amor verdadeiro. 
O que é amor verdadeiro? É o amor instintivo. A cobra a fitou com aqueles perturbadores olhos redondos. 
Por que as gazelas, as andorinhas e até os peixes podem procriar, e vocês não? – Samael perguntou, numa oratória impecável. É por meio dos descendentes que a raça humana propaga o legado, é através deles que se torna imortal. Se insistirem em ficar no jardim, estarão livres do sofrimento e da dor, mas nunca saberão como é o mundo lá fora e jamais conhecerão o amor soberano. Pois, acredite, jovem Eva: é na dificuldade, e não na alegria, que a ternura aparece, as relações são testadas e os laços se fortalecem. O jardim é um ilusão. O jardim é o útero, e o Senhor, seu cordão. 
Eva sentiu vontade de chorar, gritar, fugir, mas se calou. O que pensariam dela? O que diriam os cervos e os pássaros, e como a julgaria a serpente? Seria real o que acabara de ouvir? E se ela não fosse única, e se tivesse existido mesmo a tal Lilith? 
A jovem Eva se mostrou vulnerável, e foi então que o serafim efetuou a sua manobra. Como sairemos do jardim, se o Senhor nos vigia? Samael respondeu: “Isso eu não posso dizer. Terão que descobrir por si mesmos’’. E quando Eva insistiu, ele pegou uma maçã com a boca e lhe entregou. Converse com o seu marido. Só converse. E leve para ele este fruto. 
Uma vez semeada a discórdia, Samael resolveu desaparecer do jardim, antes que alguém o desmascarasse. Desceu da árvore em completo silêncio, rastejou na direção sul e se escondeu numa toca por duas semanas. Quando o inverno ia chegando, deslizou sobre a grama, cavou um túnel com o nariz e escapou do paraíso terrestre. 
Para além do oásis, o cenário revelou-se escaldante. Não havia muita coisa a não ser areia, poeira e fragmentos calcários. Samael julgou estar salvo. Faltava-lhe somente retornar aos Sete Céus e dar a seu mestre a grande notícia como corrompera o primeiro casal. Mas ele acabara de avançar pelos ermos quando teve seu disfarce anulado por uma energia superior. 
De repente, não era mais uma cobra, era o anjo de sempre, a pele morena, as asas douradas, o cavanhaque oleoso. Pego em flagrante, tinha os cotovelos abertos, o abdome colado na terra. Então, ao erguer o queixo um centímetro, descobriu quem o espiava, e não era ninguém menos que Metraton. 
Samael deu um sorriso acanhado e fez menção de se ajoelhar, mas o sentinela não deixou. “Fique no chão, onde é o seu lugar”. Com o calcanhar, o Rei dos Homens pisou-lhe a nuca, quase o esmagando contra o solo. Samael tentou gritar. Não conseguiu. Ele tentou se justificar, como normalmente agem os covardes, dizendo: “Foi o meu amo, Lúcifer, quem me enviou a Haled com a missão preparada. Só cumpro ordens”. Metraton ergueu o invasor pelo pescoço e disse: “Sim, eu sei. É por isso que eu vou mandar para ele um recado”. 
Ditas essas palavras, o líder dos sentinelas atirou sua vítima através da planície. O corpo rolou uns duzentos metros até estacionar sob um pedaço de rocha. No momento seguinte, intensificou o castigo, virando-o novamente de bruços. Samael tinha consciência do que o sentinela planejava, sabia quanto sofreria, e não viu saída a não ser suplicar. 
Pediu piedade e clemência. “Misericórdia. Perdoe este pobre celeste. Perdoe-me por tê-lo desacatado”. Metraton então respondeu: “Samael, você já deveria saber: eu não sou do tipo que perdoa”. Embora implacável, o guardião do jardim não tinha nem nunca tivera uma personalidade maléfica e no fundo não queria provocar dano a ninguém, mas o crime exigia uma punição exemplar, ou a mensagem não seria transmitida a contento. 
Metraton então deu início ao massacre. Com as duas mãos, agarrou-lhe a asa direita e com um simples puxão a arrancou de seu dorso. O ataque foi seco, recheado de crueldade, e dilacerou ao mesmo tempo os ossos, o tecido e a carne, tão rápido que o sangue só esguichou um segundo depois. Samael se contorceu e emitiu um uivo esganiçado, que ecoou de norte a sul da Mesopotâmia, das montanhas de Zagros ao vale do rio Eufrates, das margens do Tigre as praias do golfo Pérsico. 
O solo bebia então litros de sangue, deixando claro que o serafim não suportaria um novo estirão. Como não queria e não podia mata-lo, em vez de ensaiar outro choque, Metraton torceu-lhe a segunda asa, partindo-a como quem tritura um graveto. Depois, girou-lhe os tendões em movimentos de rosca, até que os nervos descolaram, sobrando apenas uma ponta branca onde outrora se projetava o apêndice. 
Com dois avantajados rasgos nas costas, através dos quais se enxergavam os pulmões, o elegante Samael era agora uma pasta escarlate, de pernas trêmulas e feições deformadas. O Rei dos Homens tornou a rodá-lo, dessa vez de cabeça para cima, e com um tapa o despertou. 
“Envio-o de volta aos Sete Céus, ó serpente da desgraça. Diga a Estrela da Manhã que sou eu quem manda no Éden, e que ele nunca mais despache seus anjos para seduzir os meus filhos”. Samel então garantiu que ele não mais o faria, pois isso não seria mais necessário. Sorriu pelo canto da boca, sabendo afinal quem vencera a disputa. “Não será mais necessário”.

sábado, 3 de setembro de 2016

O Paraíso Terrestre (parte 02)

Sabendo disso, um serafim que flutuava pela região  avistou o matagal, desceu em rasante, trespassou um dos sete portões e se apresentou ao anfitrião, logo na entrada.
O nome desse serafim era Samael, conhecido por ser imediato de Lúcifer, então um dos cinco regentes do cosmo. Insidioso como seu mestre, Samael se mostrou, no jardim, conforme era avistado no céu: seu corpo surgiu delgado e moreno, untado por algum tipo de óleo balsâmico. Os cabelos pretos estavam penteados para trás e exalavam um perfume agridoce. O nariz era agudo, os olhos, castanhos, e o tosto terminava em um cavanhaque pontudo. De tronco nu, trajava uma saia comprida, bordada com fios de ouro, e as asas, esguias e delicadas, pareciam cobertas pelo mesmo metal, formando um conjunto reluzente, meio claro, meio bronzeado.
Salve, Metraton -- ele começou num tom diplomático que soava postiço. Salve, Primeiro Anjo, Rei dos Homens sobre a Terra, líder e comandante dos sentinelas. Estaria eu perturbando o trabalho de sua majestade suprema?
Metraton retribuiu o olhar, circunspecto. Nutria respeito pelos arcanjos em geral, sobretudo pelo príncipe deles, Miguel, mas nunca confiara realmente em Lúcifer, a quem considerava o mais ardiloso dos primogênitos, e Samael tinha a mesma personalidade de seu amo, o que o tornava assaz e perigoso.
Metraton então falou a Samael (quando este chegava aos portões do Jardim do Éden: -- Salve, Samael. Que assuntos o trazem ao Éden?
''É uma beleza o que diante de mim se revela. Um oásis nos confins do horizonte deserto -- ele se desviou da pergunta, fitando a copa das árvores. -- O primeiro casal o idolatra como a um deus (isso é Metraton); eles o enxergam como o único e verdadeiro senhor do universo -- provocu Samael, sempre educado, fazendo parecer um elogio. -- É fabuloso o seu ministério, ó Rei dos Homens, uma alegria para os entes divinos. Yahweh ficaria encantado.
Farto da ladainha, Metraton deu um passo a frente e desafiou o forasteiro. Os dois eram a imagem do céu e da terra. De um lado pairava o sentinela, rústico na aparência, a barba crespa, o tronco forte, os cabelos desgrenhados, as mãos calejadas. De outro, confrontava-o o serafim de penas douradas, a silhueta longilínea, as costas eretas, as unhas polidas, os dedos magros.
Por que não me diz -- insistiu Metraton, e as palavras ficaram mais duras -- que assuntos o trazem ao Éden? Samael respondeu: Oh, não queria ofender. Ele recuou uns dois metros e abriu os braços em sinal de humildade. -- Sou um amigo e venho com a intenção de ajudar. -- Tornou a olhar para cima, para a lua que nascia ao leste. -- Fiquei pensando há quanto tempo o poderoso monarca está aqui concentrado. Centenas, milhares de anos? Pois saiba que, lá fora, a civilização ganha força. Por todas as quinas da terra surgem novas culturas, novas sociedades que se multiplicam e prosperam.
Eu sei. Metraton franziu o sobrolho. Não pense que estou alheio ao que transcorre no mundo. Ah, mas de uma coisa sua graça não sabe. Samael enrijeceu o indicador. Nem todos os sentinelas realizaram proezas tão belas. Para além destes muros, tribos estão em guerra, clãs e aldeias entraram em confronto. Em vários pontos do Éden (terra), começaram pilhagens, batalhas e carnificinas, incitando sentimentos maléficos no coração dos terrestres.
Sei disso também. Metraton respondeu. Eis o motivo pelo qual ainda mantenho meus filhos enclausurados, longe da corrupção que por todos os lados se prolifera. Mas até quando? -- exclamou o anjo dourado. -- Sim, meu companheiro alado, um alerta é o que vim hoje fazer. Por maior que seja o esforço, não há como preservar o casal. Logo eles vão querer sair, vão desejar a liberdade.
Não há liberdade maior do que a vida no interior destas cercas. O Rei dos Homens encerrou o assunto declarando sua fé nos comparsas: Em breve, os demais sentinelas completarão suas demandas, e teremos paz novamente. Como se pudesse ler o serafim por inteiro, como se enxergasse suas reais intenções disse: Contanto, claro, que ninguém os estorve, que ninguém os atrapalhe. Quem assim o tentar será considerado meu inimigo.
Rogo para que se cumpra tal prognóstico, ó generoso senhor do canteiro. Samael ofereceu um largo sorriso, cheio de dentes. Que reine a paz no final. Encerrado o debate, Samael se desmaterializou e na condição de espírito atravessou os portões.
Metraton ficou a meditar sobre o que ele pretendia, sobre o que Lúcifer pretendia. E a partir daquele momento, só por precaução, trancou as setes portas, determinando que, a exceção dele, nenhum alado poderia adentrar o jardim. Se um anjo cruzasse as fronteiras, ele saberia. Com certeza saberia.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

O Paraíso Terrestre (parte 01)

Jardim do Éden nos primórdios da humanidade.

Era uma vez, na aurora dos tempos, um reino de maravilhas incalculáveis, repleto de árvores frutíferas e animais graciosos, onde o solo era fértil e os lagos, puros e cristalinos. Nesse lugar, em meio as grutas e cachoeiras, Adão, o primeiro homem, vivia feliz com sua esposa, Eva, sob a proteção direta do pai, a quem chamavam ''Senhor''.
O Jardim do Éden era um oásis de inesgotáveis recursos, situado na confluência dos Rios Tigre e Eufrates, a sudeste da Mesopotâmia. Quem de suas fontes bebia se tornava imortal, e fora nessas condições que Adão por séculos habitara em tais matas, sem conhecer a dor e o medo, o sofrimento e a morte.
O jardim tinha sete portões e quatro rios, que o cortavam de leste a oeste e de norte a sul, irrigando os campos de forma abundante, atenuando o calor, semeando flores de beleza ancestral, germinando bosques muito verdes e copiosos. Dentro desse refúgio, os dias seguiam uma nobre rotina. e. enquanto Eva coletava raízes, o primeiro homem caçava.
Certa tarde, Adão notou uma gazela que saltitava e deu uma volta numa gigantesca figueira. Ergueu o corpo, afastou o cabelo, esperou o momento propício e atirou sua lança. O animal caiu as margens de um riacho, o pescoço sangrando, os olhos embaçados. O ferimento era grave, então ele correu sobre a relva, agarrou uma pedra e se preparou para deslanchar o golpe de misericórdia, quando percebeu que acertara uma fêmea, o ventre dilatado, as mamas duras, cheias de leite.
Deteve-se. O braço tremeu e ele sentiu uma angústia profunda, pensando nas crias que nunca nasceriam, que não gozariam o contato com a mãe. Sendo assim, o consternado Adão se ajoelhou e chorou, desejando que nunca tivesse partido naquela aventura, e foi então que um ser se materializou a seu lado. A figura, inicialmente translúcida, aos poucos se condensou numa entidade física, muito parecida com um homem comum, de meia-idade, a barba crespa, a calvície formando entradas na testa, o corpo robusto, os pelos grossos.
Das costas nascia um par de asas cor de areia, e sua expressão ora era terna, ora severa, como de fato deveria ser a atitude de um pai. Porque chora Adão? -- trovejou o Senhor, as asas se espichando, os pés descalços roçando na grama. -- Oh, pai. Fui cego e estúpido. Não enxerguei que esta presa gestava e agora a condenei, assim como toda a sua linhagem. Como posso privar qualquer um, seja homem, planta ou animal, de experimentar as riquezas do Éden?
Não se entristeça -- tranquilizou-o o ente barbudo. Pois saiba, meu discípulo, que fui eu quem o confundi. Como? -- O rapaz se levantou. Enxugou as lágrimas com o dorso da mão, engoliu a saliva em excesso. -- Porquê?
Estou sempre a testá-los. É essa a minha função. Ofusquei sua vista de propósito, para observar o que faria a seguir e como agiria em face do dilema. Mesmo faminto, você se recusou a esmagar o pobre animal. Por quê?
Porque o que fiz foi errado, minha alma me diz que é errado. Sua alma lhe serve a contento. Portanto, escute-me agora. Bem e mal não são simplesmente pontos de vista, mas existem perante o universo. Certo e errado são leis ecumênicas, forças superiores a você, superiores a mim, inclusive, e que devem ser respeitadas.
Dito isso, o Senhor se aproximou do bicho e como por mágica o ferimento sarou, todo o sangue se esvaiu, até que a gazela voltou a andar. -- Eis mais uma de minhas diretrizes, mas um de meus mandamentos. Não se esqueça dele. Zele para que a terra perpetue seus frutos, preserve as sementes comestíveis e nunca, jamais tire a vida de uma fêmea em gestação. Essas regras são minhas e, como meu herdeiro, serão suas também.
Como um aluno obediente, o homem concordou, alegre por testemunhar a façanha. Naquele dia, Adão guardou a lança, retornou a sua cabana e deitou-se com Eva. Os dois comeram juntos, degustando raízes, e contemplaram o poente.
A sombra da mesma figueira, o Senhor observou Adão se afastando. No interior daquele santuário, onde tudo era inocente e sagrado, o tecido da realidade, a cortina mística que separa os planos físico e espiritual, afinara-se a tal ponto que nem os anjos, criaturas de substância puramente celeste, encontravam problemas para se manifestar em suas formas verdadeiras, conjurando suas armas, armaduras e asas.

Manuscrito Sagrado dos Malakins (parte 03)

No princípio não havia nada, apenas o caos, e quem o governava era Tehom, a suprema força da escuridão e das trevas. O espírito de Deus, Yahweh, pairava sobre a face do abismo, reunindo em si tudo o que era justo, o que era bom, o que era certo e luminoso.
Naqueles dias, anteriores mesmo ao contínuo do tempo, claridade e negrume se enfrentaram nos obscuros cantos das fossas primevas. Tehom tinha a seu lado uma miríade de seres disformes, dentre os quais Behemot era o mais elevado.
Yahweh concebeu a seu modo os cinco arcanjos, e eram eles Miguel (O Príncipe dos Anjos), Gabriel (O Mestre do Fogo), Rafael (A Cura de Deus), Uziel (O Marechal Dourado), Lúcifer (A Estrela da Manhã). Munidos de espadas brilhantes, esses alados combateram a espreita do pai e, após incontáveis duelos, baniram seus oponentes do universo comum. E houve, enfim, um primeiro dia.
No amanhecer do segundo dia, Deus fez a luz e, ao entardecer, esculpiu um sem-números de entes divinos, os anjos, para ajudá-lo na feitura do espaço. O primeiro anjo foi Metraton. Forjado no núcleo escaldante da grande explosão, ele serviu de molde para os celestiais que nasceriam a seguir.
Inspirado em Metraton, Yahweh organizou os celestes em sete castas, cada qual dotada de poderes místicos e de uma natureza específica, diretamente associados a suas tarefas na criação. Surgiram assim anjos guerreiros, burocratas, juízes, anjos da guarda e toda sorte de entidades servindo sob as ordens do céu.
No terceiro dia, Deus e seus sectários deram forma as estrelas, as constelações e nebulosas, e no quarto dia aos planetas, estéreis e cinzentos, até que o universo pariu seu maior santuário: um astro repleto de cor e de vida, batizado, no primórdios, de Éden.
O Éden, ou Terra, era um mundo diferente dos outros, onde todas as coisas estavam ligadas, cada rio, cada floresta, cada sopro do vento, cada gota no oceano, como uma teia que a todos cercavam e unia. Brotaram da água seres, os mais diversos, anfíbios e peixes, moluscos e répteis, e houve, com isso, um quinto dia.
No sexto dia, a seleção natural refinou as espécies, tonando-as espertas e inteligentes. Uma delas se espalhou pelo globo, dando origem ao homem, considerado por Deus seu trabalho mais primoroso.
Cansado e ao mesmo tempo fascinado, Yahweh presenteou os seres humanos com uma fagulha de sua essência imortal, a alma, e ordenou aos alados que se curvassem a eles, lhes servissem e os adorassem.
Então, antes de partir para o eterno descanso, entregou aos arcanjos a regência do céu e designou um coro para governar sobre a terra, com o encargo de orientar os mortais, sem, contudo, interferir em suas ações.
Como autênticos defensores da humanidade, esses observadores solenes foram chamados de sentinelas, e seu líder, Metatron, nomeado Rei dos Homens sobre a Terra.
Sem a tutela de Deus, porém, a paz não se sustentaria por muito tempo. No raiar do sétimo dia, um dos arcanjos, Lúcifer, recusou-se a venerar os terrenos, sendo ele uma criatura de luz, um dos herdeiros direto do cosmo.
Secretamente, Lúcifer manipulou seu irmão Miguel, que planejou um genocídio, mas para que a catástrofe, para que qualquer catástrofe tivesse efeito seria preciso, antes, desafiar os sentinelas, responsáveis por salvaguardar o planeta.
Lúcifer empregou várias artimanhas para que Metraton perdesse a fé, e, quando todas elas falharam, o arcanjo Gabriel em pessoa foi mandado ao plano físico com a incumbência de convencer o Rei dos Homens a retornar as alturas, mas este se negou, afinal sua missão fora outorgada por Deus.
No curso desses primeiros séculos, Metraton e seus anjos sucumbiram aos desejos carnais, cultivando esposos e esposas, gerando filhos e filhas, e jamais rejeitariam seus lares nem permitiriam que alguém os tomasse.
Ao repudiar a hecatombe, os sentinelas foram caçados, o que os obrigou a se esconder e a fugir. Muitos acabaram mortos, até Metraton ser finalmente preso e arrastado a detenção no Segundo Céu, a Gehenna. Seus postos nas sociedades primitivas foram ocupados pelos elohins, agentes leais ao príncipe Miguel, e a seguir vieram os cataclismos, a grande erupção dos vulcões, os terremotos e por fim o dilúvio, que reduziu ainda mais o seu número.
Depois disso, não só o reino físico, mas também o paraíso se transformaram. Os arcanjos eram como os cinco dedos de uma mão, e Metraton, seu antagonista, era o punho que os mantinha coesos. Com o Rei dos Homens capturado e sua revolta esmagada, a união dos primogênitos ruiu.
Primeiro foi Lúcifer, que por inveja e ganância se opôs aos irmãos e acabou atirado ao inferno. Séculos mais tarde, Gabriel, exausto de tanto sangue e matança, rebelar-se-ia contra o tirânico Miguel, dando início a guerra civil que hoje se alastra pelas sete camadas celestes.
Incapaz de aceitar os parentes brigando, Rafael, a Cura de Deus, preferiu abandonar a família e se isolar em alguma dimensão paralela. De modo que não fosse visto, ou tratado como mártir, Metraton foi poupado da execução e esquecido no cárcere por anos, para de lá escapar, agora que o Apocalipse se anuncia.
Dos calabouços da Gehenna surgiu o boato de que, enlouquecido, ele traçou o plano em silêncio, descobrindo um jeito de retomar seu santuário perdido, tornando-se não apenas o salvador da raça humana, mas o único deus soberano sobre o mundo.
Antes da grande batalha do Armagedon, antes que o sétimo dia encontre seu fim, os antigos aliados, Miguel e Gabriel, atuais adversários, deparam-se com uma nova e perigosa ameaça, uma que já consideravam vencida: a eterna luta entre o sagrado e o profano, entre os arcanjos e os sentinelas, que novamente, e pela última vez, se baterão pelo domínio da terra, agora e para sempre.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

As Ruínas Khmer

As ruínas Khmer são genuínas e resistiram as intempéries da floresta por quase sete séculos.
o mais impressionante desses sítios arqueológicos é a antiga capital do império, Angkor, situada no nordeste do Camboja. O parque ocupa uma área de 200 km² e dispõe de nada menos que setenta templos, entre eles o magnífico Angkor Wat, o maior complexo religioso do mundo.
O domínio dos chamados ''reis-deuses Khmer'' começou por volta do ano 800 e se estendeu, em seu esplendor, do mar da China Meridional a baía de Bengala, até a transferência da cprte para Phnom Penh, no sul, em 1432.

Os Soviéticos e As Experiências Psíquicas

Telecinesia, telepatia, clarividência. A ciência tradicional nunca comprovou tais fenômenos, e há céticos, como o pesquisador canadense James Randi, que oferece um milhão de dólares a quem for capaz de reproduzir qualquer um desses efeitos em ambiente controlado de um laboratório.
Hoje é sabido que os soviéticos se interessavam pelo assunto e conduziram pesquisas relacionadas a paranormalidade nos porões da Moscou comunista. Essas experiências eram apenas mais uma das centenas de recursos testados para propósitos de espionagem e infiltração, mas se elas realmente deram resultado é algo que permanece um mistério.
Um desses supostos paranormais atuantes na União Soviética foi o polonês Wolf Messing (1899-1974), cujas ''previsões'' foram tomadas como verdade tanto por Adolf Hitler quanto, mais tarde, por Josefh Stálin, o então líder do país socialista. Messing se declarava um ''telepata'' e dizia ter poderes fortes o suficiente para afetar a percepção das pessoas.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, ele foi levado a União Soviética, onde fez carreira como mágico. Por diversas vezes, Messing foi chamado ao Kremlin por dirigentes do Estado, que procuravam seus conselhos.
Conta-se que o próprio Nikita Khrushchev, secretário-geral do Partido Comunista entre 1953 e 1964, chegou a consultá-lo sobre a crise dos mísseis cubanos, em 1962.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O Café Le Procope

O Café Le Procope, não só é autêntico como existe até hoje. Ele é considerado o restaurante mais antigo de Paris, estando em funcionamento contínuo desde 1686. O estabelecimento ganhou notoriedade pelos clientes ilustres, como os filósofos Voltaire e Jean-Jacques Rousseau e os ''pais fundadores'' dos Estados Unidos: Thomas Jefferson e Benjamin Franklin, que lá estiveram no século XVIII.

Marie et Louise

A aldeia de Marie et Louise, foi inspirada no monte Saint-Michel, uma fortaleza medieval localizada na costa da França, entre a Normandia e a Bretanha.
Durante o turno da noite, a maré sobe e a cidade fica completamente ilhada. Hoje, existe um aterro que permite a travessia de carros, mas no período feudal os pântanos adjacentes representavam uma barreira natural ao invasores.
A igreja e a abadia, no topo do monte, são santuários imperdíveis, repletos de vitrais, mosaicos e salões de magnífica beleza.
O monte Saint-Michel está aberto aos turistas e é um dos mais fascinantes destinos da costa francesa, atraindo certa de 850 mil visitantes por ano.

O Castelo de Wewelsburg e o Sol Negro

O castelo é 100% real, inclusive a sua localização, na fronteira entre a Bélgica e a Alemanha. O seu nome verdadeiro é Wewelsurg, em suas instalações hoje funciona um museu.
Tecnicamente, o Wewelsburg é considerado renascentista, mas suas primeiras muralhas datam do século IX. Durante os anos pré-guerra, o terreno ao redor passou direto ao controle da SS. O comandante da tropa e ministro do Reich, Heinrich Himmler, tinha planos para transformá-lo numa escola para cadetes da Schutzstaffel, coisa que nunca chegou a acontecer.
Reporta-se, no entanto, que o lugar foi palco para cerimônias militares, como a iniciação de oficiais e a entrega de medalhas.
O Sol Negro, mais um dos distintivos adotados pelos nazistas, está gravado em mármore no piso de um dos salões da ala norte. Sua origem é tão controversa quanto a da própria suástica, mas acredita-se que a figura do sol em forma de roda, com doze raios partindo do centro, já vinha sendo usada como ornamento pelas tribos germânicas desde o começo da Idade Média.
Os merovíngios que reinaram sobre quase toda a Europa ocidental no século V, costumavam forjar discos decorativos seguindo o mesmo padrão. Seu real significado, todavia, acabaria se perder com o tempo.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A Sociedade Thule e o Misticismo Nazista

Um dos maiores desafios dos órgãos de propaganda, não importa a época ou o país, é fazer com que o consumidor se sinta especial. "Sua opinião é muito importante para nós". Quantas vezes você já não escutou isso? Com os ideólogos fascistas não foi diferente, e nesse aspecto os historiadores concordam que eles tiveram grande sucesso.
Para erguer o moral de um povo humilhado, arrasado após a derrota na Primeira Guerra Mundial, Adolf Hitler e seus asseclas trabalharam no sentido de incutir na mente dos alemães que cada um deles era parte de ''algo maior'', elos fundamentais de uma grande nação. Nessa esteira veia a ideia de criar irmandades não apenas na esfera militar, mas também entre os civis, dotadas de símbolos próprios, estandartes, uniformes e braçadeiras.
Dessas organizações, a mais influente talvez tenha sido a SS, sigla para Schutzstaffel, ou Tropa de Proteção, a guarda particular do Fuhrer. Na SS, pelo menos em teoria (isso mudaria com o avanço da guerra), só eram admitidos homens considerados ''arianos perfeitos'', uma suposta ''raça superior'' que, acreditem, os nazistas afirmavam descender dos atlânticos.
Como não haveria provas para essa teoria, os cabeças do Reich trataram de forjá-las. Foram então fundados grupos de estudos e financiadas expedições para o Tibete com o objetivo de procurar artefatos que os ligassem a essa ''espécie ancestral''. O plano era que ''evidências concretas'' servissem de base para reconstruir uma mitologia para a Alemanha, sacramentando os germânicos como a etnia mais antiga da terra.
No final das contas, nenhuma pista substancial foi achada, mas os grupos de estudo continuaram trabalhando a todo vapor até a derrocada do III Reich. Pelo que a história registra, a sociedade Thule foi um desses grupos, uma das muitas ''seitas'' dedicadas ao aprendizado do oculto.
Diferentemente do que alguns possam pensar, a prática do ocultismo não está necessariamente relacionada a magia, tampouco a dita ''magia negra'': ela se propõe meramente a analisar certos conhecimentos esquecidos pelas pessoas comuns ou que tenham sido descartadas pelas instituições acadêmicas.
Ninguém sabe se Hitler foi iniciado pela sociedade Thule, mas há certa concordância em dizer que os mentores da ordem instruíram muitos membros do partido no uso de símbolos esotéricos (a exemplo da suástica), gestos e técnicas especiais de comunicação com o público.