domingo, 9 de outubro de 2016

Kha, O Faraó. Kha, O Sentinela. Kha, O Sol

Deuses e homens sempre tiveram uma relação psicótica. De acordo com as religiões mais antigas, especialmente aquelas ditas “pagãs”, as verdadeiras divindades moram em áreas ou planos inacessíveis aos entes terrenos.
Talvez por isso, Kha, que se considerava um deus genuíno, tenha decidido construir seu santuário no ponto mais ermo do reino, afastado quilômetros da civilização e ao menos uma semana do oásis mais próximo.
Hut-Kha era cercado por uma planície de areia fina, que atrasava o forasteiro com seu solo macio, ferindo a sola e prejudicando o avanço. No auge do verão, a temperatura chegava a insuportáveis sessenta graus centígrados, e a partir de certa altura o sol nunca se punha.
Esse estranho fenômeno, apelidado de Alvorecer Permanente, não era gerado por forças naturais, mas pelos “sagrados” poderes de Kha, ou mais precisamente, pelas radiações da sua aura pulsante.
A Montanha Solar era com efeito uma imensa pirâmide calcária, projetada com ângulos retos, a fachada triangular, muito parecida com as estruturas que sobrevivem até hoje em Gizé. Diferentemente das atuais pirâmides do Egito, entretanto, Hut-Kha se destacava pelo revestimento de ouro, sendo impossível aos mortais encará-lo a olho nu.
Sua base somava quatrocentos metros quadrados, e do chão ao pináculo eram exatamente trezentos e cinquenta metros de altura, mais que o dobro da famosa pirâmide de Quéops. O acesso a suas câmaras se dava através de uma escadaria na face leste, e a entrada, retangular e sem portas, ficava no topo desses intermináveis degraus, a uns cento e cinquenta metros a partir do deserto.

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