domingo, 9 de outubro de 2016

Etéreo Profundo, O Hades

Sob a crosta do planeta, na mais profunda camada do plano etéreo, há uma região que os antigos chamavam de Estígia, e que os celestes conhecem como Hades.
O Hades é um mistério aos que o estudam. Segundo os malakins, ele teria surgido espontaneamente, como um bolsão em volta do abismo de Lethe, o poço que conduz ao centro da terra, ao “sol interior”, como alguns o chamam, batizado pelos gregos de Hélios.
Os principais braços do Styx convergem, quase todos, para esse imenso buraco, não à toa os deuses, quando mortos, eram entregues a suas águas, para ser, então, cremados nas fornalhas do mundo.
Com o passar dos anos, o Hades se tornou, também, uma espécie de prisão para os heréticos. Nos tempos mitológicos, o hábito de copular com os seres humanos não era exclusivo dos aesires, nem de Odin, que gerou Siegfried. Os olimpianos, supremos ídolos da Grécia, partilhavam do mesmo costume. Zeus, o chefe do panteão, tivera vários filhos carnais, outrora denominados heróis, ou semideuses.
Alguns, como Héracles, Perseu e Helena, caíram nas graças do pai, enquanto outros se insurgiam contra ele. Esse foi o caso de Minos, o tirânico rei de Creta, e de seu irmão, Radamanthys, tido como o maior guerreiro humano que já existiu. Por volta de 2300 antes de Cristo, em plena era mítica, os dois influenciados pelo ódio que a mãe nutria por Zeus, reuniram um exército de quinhentos mil soldados de elite, os famosos mirmidões, e marcharam contra o monte Olimpo. Derrotados, foram confinados ao Hades e lá se encontram até hoje, adormecidos em seus templos, descansando em seus mausoléus de granito.
O maior desejo de Minos sempre foi conquistar um lugar entre os deuses. Zeus lhe dera um escudo mágico, mas nem isso aplacou sua fúria, de modo que, uma vez derrotado, seu castigo foi perpétuo. Impedidos de deixar a Estígia, o monarca cretense, seu irmão e os mirmidões construíram uma necrópole no Hades e sob seus jazidos aguardam, quietos, deitados, uma nova chance de mover suas tropas.

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