domingo, 9 de outubro de 2016

O Rei Ungido de Atlântida

Cidade de Atlântida, cerca de 35.000 a.C.

Outros tempos inigualáveis.
Quem hoje explora as ruías do mundo, quem visita o Taj Mahal, a Grande Muralha da China, a cidade de Chichén Itzá ou mesmo as pirâmides de Gizé não imagina que esses monumentos são retratos, reflexos miúdos de uma era perdida.
Em um passado longínquo, permanentemente apagados do registro da história, uma certa raça de primatas, os eridais, espalhou-se pelo globo terrestre. O evento, mais tarde chamado de Grande Migração, propiciou o surgimento da espécie humana e sua divisão em três ramos: os homens, mais versáteis, os neandertais, mais fortes, e os atlantes, mais refinados.
Por quase duzentos mil anos, antes dos egípcios, antes dos sumérios, antes do babilônicos, nosso planeta viveu um período de glória e opulência inimagináveis, cujos reinos, impérios e sociedades seriam devastados pelas catástrofes subsequentes, pelos terremotos, pela erupção dos vulcões e enfim pelo grande dilúvio.
Naqueles dias antigos, o poder estava concentrado em duas cidades-estado. Uma delas era Enoque, a Bela Gigante, a pátria dos homens, fundada por Caim, filho de Adão, e a outra era Atlântida, a Joia do Mar, regida por Orion, a Estrela de Prata. Muito antes disso, quem governava a terra era Metraton e seus sentinelas, mas eles foram banidos por se recusarem a ajudar os arcanjos na tarefa de exterminar a humanidade, durante a era do gelo.
Como se não bastasse, deram abrigo aos mortais, permitindo que eles sobrevivessem a glaciação, e por tais crimes foram caçados. Seguiu-se ao degelo o primeiro cataclismo, e nesse ínterim muitos sentinelas acabaram mortos ou capturados. Seus postos nas nações terrenas foram ocupados pelos elohins, anjos devotos ao príncipe Miguel.
Orion, o Rei Ungido de Atlântida, era um desses agentes, condecorado nas alturas e extremamente fiel aos primogênitos celestes. Enoque, ou Nod, como se chamavam o Oriente Médio e arredores, e Atlântida não eram apenas países, eram potências expansionistas e, como seria de esperar, tornaram-se rivais.
Enquanto a segunda, sob o ministério de Orion, cultuava os arcanjos, a primeira não se submetia a vontade dos alados ou de qualquer criatura oriunda dos céus. Os atritos entre esses dois magníficos impérios terminariam por leva-los a guerra, as Guerras Mediterrâneas, como foram nomeadas, resultando em uma série de campanhas militares, escaramuças e contendas políticas que persistiram por séculos.
Mas enquanto homens (ou melhor, enoquianos) e atlantes guerreavam, a preocupação no paraíso era outra. Os arcanjos temiam, ainda, uma insurreição dos sentinelas, já que alguns deles, incluindo seu líder, Metraton, continuavam a solta. Para acabar de vez com o problema, eles enviaram a Haled o arcanjo Gabriel, mas ele falhou na tentativa de prender o Rei dos Homens sobre a Terra.
Naqueles tempos, a Joia do Mar, vivia seu esplendor. A cidade-estado fora erguida sobre uma ilha redonda, a Ilha de Um, pois não há defesa mais eficiente que o mar. Uma muralha de quarenta metros de altura a cercava, e para alcançar a fortaleza central era necessário transpor três anéis paralelos de água, todos protegidos por muros e cortados por quatro canais, a norte, sul, leste e oeste, como enorme avenidas marinhas que seguiam até o coração da metrópole.
Ao passo que a cidadela era reservada aos membros da corte, aos nobres e diplomatas, a primeira faixa de terra (de dentro para fora) estava ocupada por prédios religiosos e santuários de adoração aos heróis mortos nas Guerras Mediterrâneas.
Na segunda faixa de terra ficavam o setor militar, os quartéis e os campos de treinamento, e na terceira multiplicavam-se os armazéns, as estalagens, os banhos públicos e os portos onde os navios atracavam. Conta-se que os gregos, ainda no período mítico, chegaram a encontrar resquícios dos edifícios atlânticos, tendo-os copiado, daí a antiga capital projetada por Orion parecer, se vista por olhos modernos, uma grandiosa acrópole, com suas descomunais colunas cilíndricas, templos branquíssimos, aquedutos, praças, torres de guarda e monumentos de proporções colossais.

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