Abaixo do Vale dos Condenados, sob o solo, havia um descomunal emaranhado de túneis, que se estendia muito além das montanhas, superando em mil vezes o território do vale e alcançando uma profundidade incalculável. Esse lugar -- os Túneis de Zandrak -- era o lar dos baals, a casta infernal dedicada a tortura e ao tormento. Quem reinava em Zandrak era o demônio Balor, um abominável carrasco e executor, cuja mente perversa era capaz de formular intermináveis táticas de sofrimento.
Apesar de seu grande poder, Balor não era um anjo caído, e a sua história de ascensão é um exemplo de sucesso entre os espíritos corrompidos. Sua trajetória é uma mistura de crueldade insana e sorte titânica.
Balor uma vez fora um homem mortal, que vivera na Irlanda durante o século VIII a.C. Guerreiro respeitado e feroz, era o chefe de uma das primeiras tribos celtas, um povo que habitava a Europa Ocidental antes das invasões romanas. Mas uma profecia marcaria seu destino. Certa vez, um druida lhe contou que ele seria morto pelo próprio neto, por isso Balor trancafiou sua única filha, Ethlinn, em uma torre de pedra, para impedir que a moça se casasse e desse a luz seu assassino. Nesse meio-tempo, envolveu-se em incontáveis batalhas, sempre cercadas de fereza e barbárie. Em combate, perdeu um dos olhos, o que aumento ainda mais sua presença e carisma.
Os conflitos prosseguiram, até que o herói Cian libertou Ethllin do cárcere e a desposou. Dessa união nasceu o menino Edan. Quinze anos depois, pai e filho partiram para a guerra das tribos. No calor da peleja, Edan matou seu avô Balor com uma lança que lhe perfurou o olho saudável, vingando assim o aprisionamento da mãe. A fúria do coração do chefe persistiu mesmo após sua morte e, acredita-se, foi essa raiva que o consagrou no Sheol. Rapidamente ascendeu na rígida ordem dos baals, tornando um modelo para os seus iguais e depois um líder admirado, superando seus rivais por meio de violência e intrigas. Para acalmar seu ódio enlouquecido, Balor passou a torturar e a mortificar todos os condenados lançados aos túneis, em suas câmaras de dor nos calabouços de Zandrak.
A aparência desse furioso infernal é como de um gigante, alto como dois homens comuns e gordo como três ursos selvagens. O abdome dilatado, sempre a mostra, vive sendo acariciado pelas enormes mãos. No centro da fronte (testa) sustenta apenas um olho, grande e negro, e a boca imensa está sempre babando fluídos gosmentos. Uma cabeleireira fétida, suja como lodo, escorre até a altura dos ombros.
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