O Arcanjo Miguel tinha um rosto castigado, picotado por cicatrizes. Aqueles estigmas, gravados na face e no corpo, eram as marcas das Batalhas Primevas, uma campanha fantástica, travada antes mesmo da aurora do mundo.
Poucos celestiais conhecem os relatos das Batalhas Primevas, e só os Arcanjos, como todos sabem, são anteriores a luz, mas os anjos foram criados depois, no segundo dia, juntamente como alvorecer do universo. Para que o fulgor cósmico tivesse início, Yahweh teve, antes, que vencer um séquito de poderosíssimas entidades, os chamados deuses das trevas, figuras tão fortes e antigas quanto ele, que dominavam o lado escuro do espaço. Esses deuses nada tem a ver com os deuses pagãos ou com entidades etéreas, deificadas pela adoração dos fiéis em seus templos humanos. Os deuses das trevas, liderados pela sinistra Tehom, eram ferozes inimigos do bem, e por isso Yahweh teve de subjugá-los a sua vontade e aprisioná-los em alguma dimensão paralela, para só então criar o universo.
Assim como Tehom tinha seu cortejo de entidades menores, Yahweh contava com os cinco arcanjos, dentre os quais Miguel era o mais valoroso. Os arcanjos batalharam ao lado do Altíssimo pela aniquilação dessas terríveis forças ancestrais, e, quando o mal foi derrotado, Deus encontrou-se único e pleno no vazio infindável. Com isso, obteve a paz necessária para iniciar sua obra.
É só compreendendo as Batalhas Primevas que se entende a majestade dos arcanjos e sua superioridade em relação a todos os outros celestes.
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