sábado, 4 de junho de 2016

Os Campos da Morte

O Sheol, ou Inferno, é uma das dimensões inferiores, localizada no canto mais obscuro do cosmo. Há muitas outras dimensões como essa, mas nenhuma tem igual importância e interesse da terra. Por milhares de anos, o Sheol foi tão somente um buraco, um lugar vazio e abandonado, até a chegada de Lúcifer e de seus anjos caídos. Desde então, foi dividido em nove reinos, controlados por nove duques, que preferem ser chamados de príncipes. No topo da pirâmide está o oniponente arcanjo Sombrio, que a todos vigia e comanda. Ele é auxiliado de perto por Samael, a Serpente do Paraíso, que é também seu lugar-tenente.
Os duques tem poder sobre seus domínios, que são, por sua vez, seccionados em inúmeras províncias governadas por senhores demônios. Os combates entre as províncias e até mesmo entre os reinos são constantes. No Sheol sempre há guerra, embora uma palavra de Lúcifer seja o bastante para paralisar qualquer conflito e estagnar os movimentos de tropas. Esses embates são a principal causa do extermínio de demônios, o que, teoricamente, reduziria a população do inferno, não fosse o turbilhão de almas maléficas que chega as mãos do Diabo todos os dias. Em um lugar tão terrível, só os fortes resistem, e os poucos sobreviventes ascendem na hierarquia infernal. Diferentemente do céu, onde os anjos são separados dos santos e dos mortais que morreram como justos, no Sheol até mesmo o espírito mais insignificante é aceito nas hostes malignas e, se for dotado de crueldade e malícia suficientes, pode galgar o comando, chegando ao controle de uma província. Os duques, entretanto, são muito poderosos para serem subjugados. São todos anjos caídos, celestiais que lutaram, um dia, ao lado da Estrela da Manhã, em sua legendária batalha contra o Arcanjo Miguel.
No Sheol, o céu é rubro, sem sol ou estrelas. As cores, ali variavam entres o preto e o cinza, dando um tom depressivo a paisagem. Até o ar era pesado, opressivo e fétido. Havia, em toda parte, um assustador cheiro de morte, e ao longe escuta-se o som do lamento dos condenados.
Em uma planície imensa existe um abismo circular, como um redemoinho no chão. Seu eixo afunila-se até cair em uma negritude grotesca, em um ponto onde nada havia, a não ser a solidão infinita. Centenas de almas sem rosto caminhavam em fila indiana e se jogavam, sem vontade, no poço abissal. Não tinham energia e nem força para reagir. Simplesmente aceitavam o destino que lhes fora imposto, de cabeça baixa e olhos passivos. Nem uma amarra os prendia, mas grupos de demônios com cara de caveira e chifres de cabra chicoteavam os passantes. Do abismo, levantava uma fumaça que impregnava todo o planalto.
Os Campos da Morte é para onde vem as almas dos inúteis, dos suicidas, daqueles que desistiram da vida. Nem mesmo os demônios os aceitam.
Aqueles era o Abismo de Numbye, uma passagem para o limbo, o vazio supremo entre as dimensões, o território do nada cósmico. Uma vez lançada ao limbo, a alma se perde para sempre na completa e total desolação do universo e não pode ser resgatada. Passa a eternidade boiando na lufadas dos ventos místicos, consciente o bastante para não se abster do terror, mas incapaz de resistir aos tormentos.
Os grupos de demônios com cara de caveira e chifres de cabra são a casta dos baals que é composta por adoradores da morte e da tortura. São análogos aos celestiais hashmalins, a ordem dos anjos que controla a Gehenna.

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