Dizem que Smenkhkare reinou por cerca de dois anos até que, aos oito anos de idade, o jovem Tutankhaton subiu ao trono. O que se sabe sobre seu reinado é ainda mais motivo para especulações. Para alguns pesquisadores, Smenkhkare era o título dado aos co-regentes do faraós. O que teria reinado com Akhenaton seria um nobre, chamado Panhese, da alta estirpe da Amarna, casado com Meritaton, filha mais velha de Akhenaton. Esse misterioso faraó, com o apoio dela, foi quem o sucedeu.
Ambos teriam sido executados em Amarna juntamente com todos os seus moradores por mando de Ay, um futuro faraó, mas vizir na época, que queria o trono para si.
Curiosamente, Tutacâmon e sua irmã Ankhesenamon sobreviveram a matança e foram levados a Tebas a fim de se casarem e se tornarem reis. Ele tinha na época nove anos e ela, onze. Por causa da pouca idade do casal real, especula-se que os verdadeiros governantes tenham sido Ay e Horemheb, dois altos funcionários do tempo de Akhenaton. Ay seria o pai de Nefertiti e Horemheb general do exército real.
O jovem faraó só alterou o seu nome para Tutancâmon como todos conhecem no quarto ano de seu reinado. Sua esposa fez o mesmo, num gesto de rejeição as doutrinas religiosas de Akhenaton, desde então considerado "o faraó herege". Os deuses antigos foram restaurados e o fim da guerra religiosa declarado.
Um documento marcou para sempre a situação caótica que o Egito viveu na época de Tutacâmon. Trata-se da chamada "Estela da Restauração", encontrada no terceiro pilote do templo de Amon em Karnak. Lá está descrito como os deuses, relegados a uma situação de decadência, atiraram o país num estado de confusão.
Assim, segundo a Estela, o rei mandara fazer estátuas novas dos deuses antigos, e restaurar seus templos e cultos, devolvendo assim o poder aos antigos sacerdotes.
Tut faleceu aos 19 anos em 1324 a.C. Ao que tudo indica, seu túmulo ainda não estava pronto, então tiveram que apelar para um menor que, segundo alguns, teria sido projetado na verdade para algum alto funcionário, talvez Ay. O fato é que foi enterrado por lá e esquecido após a tentativa de roubo pelos ladrões de túmulos, que teriam sido pegos no ato pelos guardas da necrópole, os responsáveis por substituir os selos da tumba.
Akhesenamon, a viúva, envia uma carta a Suppiluliuma I, rei dos hititas, pedindo um dos filhos daquele rei como marido. Como os dois povos eram inimigos, foi uma atitude estranha, mas que mostrou o quanto a rainha estava com medo da situação no Egito. O documento, preservado até hoje, pergunta aonde está o filho do falecido rei, ao que a rainha responde que não tem nenhum. O rei hitita decidiu então lhe enviar um filho, que nunca chegou ao seu destino, talvez morto por espiões de Ay ou Horemheb.
A rainha não vê outra alternativa a na ser se casar com Ay, que então teria algo entre 60 e 70 anos de idade. Algum tempo depois ela morre misteriosamente e posteriormente é a vez de Ay morrer. Apesar de tudo, Ay respeitou a memória de Tutancâmon, o que não aconteceu com Horemheb, que se tornou faraó contando com apoio maciço do povo, já que a família real estava toda morta, não havia descendentes e ele mesmo era um herói de guerra. Foi ele quem roubou muitos dos monumentos de Tutancâmon e substituiu o nome dele pelo seu.
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