quinta-feira, 16 de março de 2017

Desvendando O Egito (Origem dos Egípcios)

Com absoluta certeza, o Egito está ligado de maneira indissolúvel ao rio Nilo, sua dádiva dos deuses. Alguns historiadores acreditam que os egípcios teriam começado a se agrupar em suas margens por volta do ano 5500 a.C., quando já havia algumas comunidades agrárias que se formavam na região sul (o alto Egito). Esses primeiros egípcios deveriam ser nômades e caçadores que viram o potencial da região e trocaram a caça pela agricultura graças aos recursos naturais que o solo das margens apresentava.
Logo começaram a perceber que o rio transbordava entre os meses de julho e outubro (período conhecido como época das cheias), ficava algum tempo naquela posição e depois voltava ao nível normal. Era o lodo, rico em substâncias orgânicas que ficava para trás, o principal componente para o desenvolvimento de suas plantações. O presente que o rio deixava era encarado como fertilidade. Sua figura derramava água de jarros ou levava mesas e bandejas com alimentos.
Seja como for, o lodo trazido pelo rio deixava a terra com uma coloração preta em contraste com o tom vermelho do deserto, considerado o reino dos mortos. Foi naquelas terras que os nobres e os faraós construíram seus famosos túmulos.
Estima-se que tenha sido no período Pré-dinástico (anterior ao ano 5100 a.C., quando ainda não haviam famílias governantes) que os egípcios tenham começado o trabalho de irrigação das terras férteis do Nilo. Levaram as águas para regiões mais afastadas do leito do rio, construíram diques para controlar as cheias e começaram a criar animais como o carneiro, a cabra, a vaca e o burro. Essas atividades contribuíram para que ciências como a Matemática e a Geometria começassem a se desenvolver. Pouco depois já trabalhavam objetos de pedra e cobre, modelavam e pintavam vasos, usavam óleos como perfume e malaquita (mineral usado como pigmento em pinturas verdes antigas até 1800 a.C.) nos olhos para se protegerem dos efeitos solares. Também já fabricavam cerveja e casas de adobe, um tijolo cru feito com argila e palha.
Mais ou menos nesse período é que surgiu também a escrita hieroglífica. Os primeiros registros de textos datam da época da Primeira Dinastia (aproximadamente entre 3200 a.C.). Alguns pesquisadores acham que, justamente por ser bem elaborado, esse sistema já estava em desenvolvimento muito antes dessa época. Hoje conhecemos seu funcionamento graças aos esforços do pesquisador francês Jean-François de Champollion que, em 1821, decifrou as inscrições da Pedra de Rosetta, gravada em 196 a.C., com um texto dedicado a Ptolomeu V, um dos faraós do período de decadência.
Outra curiosidade está no fato de que nosso atual sistema de calendário, com 365 dias por ano, também foi uma invenção dos antigos egípcios. Eles também dividiam o ano em 12 meses, mas com cinco dias de cada período.
Depois que esse período inicial de estabelecimento encerrou-se, as comunidades agrárias começaram a se transformar em nomos, ou seja, comunidades autônomas que tinham como chefes políticos os nomarcas. Assim surgiram as já citadas regiões do Alto e do Baixo Egito. A primeira unificação aconteceu por volta do ano 3200 a.C., sob a égide de um faraó cujo nome parece hoje mais uma lenda do que uma realidade: Menés, sobre o qual falaremos ainda neste capítulo. Começa assim o período dinástico que divide a história do Egito em quatro períodos:

  • Antigo Império: entre 3200 e 2235 a.C.
  • Médio Império: entre 2060 e 1650 a.C.
  • Novo Império: entre 1580 e 1085 a.C.
  • Império Tardio: entre 1085 e 323 a.C.
Essas são apenas algumas datas aproximadas, já que quase tudo na história do antigo Egito é passível de ser discutido. Depois de 323 a.C., após a morte de Alexandre, o Grande, que conquistara o país em 332 a.C., começa o domínio da Dinastia Ptolomaica, que leva muitos pesquisadores a rejeitar esse período como parte integrante do Egito faraônico. Mas o fato é que, após a morte de Alexandre, Ptolomeu, um de seus generais, tomou o país para si também o título de faraó, que passou para seus descendentes. Por um breve período de tempo (cerca de 300 anos), o desenvolvimento foi voltado para as margens do Nilo. Mas quando a rainha Cleópatra VII, a mesma que cortejou Júlio César e Marco Antônio, morreu, o país passou a ser uma mera província do Império Romano nas mãos de Otávio César, mais tarde Augusto. Acabava aí o Egito faraônico como o conhecemos.

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